VIII Jornada de Estudos da Antiguidade

Cartaz ceia padro8

“Ao ilustre historiador, filólogo, biblista e assiriólogo, Emanuel Bouzon (1933-2006), nosso constante colaborador, a homenagem do CEIA.”

Programação

– Dia – – Horário – – Local – – Atividade –
 
11/07/2006Terça-feira 14:00 – 16:00 Auditório MacunaímaSala 405 – Bl. B Conferência de Abertura: A ética em cena: Filoctetes de Sófocles – Prof. Dr. Fernando Brandão dos Santos (FCLAr/UNESP)
16:00 – 18:00 Auditório MacunaímaSala 405 – Bl. B Mesa-redonda: A função político-social da poesia grega
18:00 – 20:00 Auditório MacunaímaSala 405 – Bl. B Minicurso: Ética, poder e participação no mundo antigo: Atenas e Roma, uma perspectiva comparativa – Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros Cabeceiras (CEIA-UFF)
 
12/07/2006Quarta-feira 08:00 – 11:00 Auditório MacunaímaSala 405 – Bl. B Minicurso: Tradução das fábulas de Fedro – Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (UFF)
08:00 – 09:30 Sala 207Bl. C Sessão de Comunicações 1: Práticas sociais na Grécia antiga
Sala 412Bl. B Sessão de Comunicações 2: Das fontes textuais à história egípcia
Sala 214Bl. C Sessão de Comunicações 3: Mito, rito e oralidade
09:30 – 11:00 Sala 412Bl. B Sessão de Comunicações 4: Relações de gênero e suicídio na Grécia antiga
Sala 214Bl. C Sessão de Comunicações 5: O Egito antigo (faraônico e romano) através de fontes iconográficas e arqueológicas
Sala 207Bl. C Sessão de Comunicações 6: A romanização em abordagens diversas
Sala 307Bl. B Sessão de Comunicações 7: Estudos de política na literatura greco-romana
11:00 – 12:30 Sala 207Bl. C Sessão de Comunicações 8: Religião e sociedade: estudos judaico-cristãos
Sala 214Bl. C Sessão de Comunicações 9: A representação da mulher na literatura latina
Sala 412Bl. B Sessão de Comunicações 10: Ecos da Antigüidade em épocas posteriores
Sala 307Bl. B Sessão de Comunicações 11: Estudos lingüísticos e literários no texto introdutório à Cosmographia de Claudius Ptolemaeus
14:00 – 16:00 Auditório MacunaímaSala 405 – Bl. B Mesa-redonda: Aspectos da ética no mundo greco-romano:estrangeiros, mulheres e escravos
  18:00 – 20:00 Auditório MacunaímaSala 405 – Bl. B Minicurso: Ética, poder e participação no mundo antigo: Atenas e Roma, uma perspectiva comparativa – Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros Cabeceiras (CEIA-UFF)
13/07/2006Quinta-feira 08:00 – 11:00 Auditório 218Bl. C Minicurso: Tradução das fábulas de Fedro – Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (UFF)
08:00 – 09:30 Sala 207Bl. C Sessão de Comunicações 12: O poder do mito, da morte e da magia na Antigüidade
Sala 307Bl. B Sessão de Comunicações 13: Literatura, gênero e sociedade no mundo antigo
Sala 409Bl. C Sessão de Comunicações 14: Estudos sociais latinos a partir de fontes literárias e iconográficas
Sala 214Bl. C Sessão de Comunicações 15: Estudos sociais gregos a partir de fontes literárias
09:30 – 11:00 Sala 307Bl. B Sessão de Comunicações 16: Política e participação no mundo antigo
Sala 214Bl. C Sessão de Comunicações 17: Mito e religião na literatura grega
Sala 207Bl. C Sessão de Comunicações 18: Epigrafia: sociedade e política
Sala 409Bl. C Sessão de Comunicações 19: Espaço, sociedade e política no mundo Clássico
11:00 – 12:30 Sala 307Bl. B Sessão de Comunicações 20: Ética e política na Atenas clássica
Sala 409Bl. C Sessão de Comunicações 21: Relações sociais e de poder no mundo celta e na China antiga
Sala 207Bl. C Sessão de Comunicações 22: Os imperadores e a história militar romana
Sala 214Bl. C Sessão de Comunicações 23: Religião, sociedade e política no Império Romano
14:00 – 16:00 Auditório 218Bl. C Mesa-Redonda: Aspectos da expressão religiosa e mágica na antiguidade: Egito, Grécia e Roma
16:00 – 18:00 Auditório 218Bl. C Conferência: O uso político da ironia: Sócrates no tribunal – Prof. Dr. Fernando Santoro (UFRJ)
18:00 – 20:00 Auditório 218Bl. C Minicurso: Ética, poder e participação no mundo antigo: Atenas e Roma, uma perspectiva comparativa – Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros Cabeceiras (CEIA-UFF)

TERÇA-FEIRA, 11/07/2006

  • Conferência de Abertura: 14:00 – 16:00 – Auditório Macunaíma, Sala 405 – Bl. B

A ética em cena: Filoctetes de Sófocles
Prof. Dr. Fernando Brandão dos Santos (FCLAr/UNESP)

Resumo: O Filoctetes de Sófocles, apresentado em Atenas em 409 a.C. tem como epicentro em cena a discussão ética dos procedimentos para o uso da palavra. A peça inicia-se no momento em que o jovem filho de Aquiles, Neoptólemo, é levado por Odisseu até o local onde havia abandonado há dez anos atrás o guerreiro Filoctetes, portador das armas invencíveis de Héracles (arco e flechas) e que devem, segundo uma profecia, tomar Tróia. Essa é a versão de Odisseu que convence o jovem guerreiro a tomar as armas de Filoctetes através do engano (dolo) com palavras, e não pela força. Trata-se da primeira missão militar de Neoptólemo, que a princípio não aceita enganar Filoctetes, mas convencido por Odisseu a tornar-se sábio e corajoso, aceita a tarefa. No entanto, depois do contato com o homem asselvajado, abandonado em uma Lemnos desabitada, selvagem, o jovem passa por um processo de mutação ética, revelando todo o plano urdido por Odisseu ao próprio Filoctetes. No final, Héracles aparece trazendo as deliberações de Zeus, recosmizando o mundo então em desordem. Não são só as armas que conquistarão Tróia, mas sim homens, que mutuamente se ajudarão e se protegerão. Assim, a palavra volta a ocupar o seu lugar de mythos, organizador do mundo.

  • Mesa-redonda: 16:00 – 18:00 – Auditório Macunaíma, Sala 405 – Bl. B

A função político-social da poesia grega
Coordenação: Prof.ª Dr.ª Nely Maria Pessanha

1. Sólon, o poeta estadista
Prof.ª Dr.ª Nely Maria Pessanha (Prof.ª Titular de Grego/UFRJ)

Resumo: Partindo-se do fragmento 36W, pretende-se tecer considerações acerca da atuação política de Sólon na Atenas de inícios do século VI a.C.

2. A questão política e social sob a ótica da comédia
Profª Drª Silvia Damasceno (Coordenadora do Setor de Grego/CEIA-UFF)

Resumo: Toda a produção artística de Aristófanes, poeta cômico, desenvolveu-se concomitantemente com a guerra do Peloponeso (431-404), e por essa razão, os relatos cômicos desse autor mostram-se impregnados por essa atmosfera bélica, ainda que sob o disfarce do riso. O enfrentamento entre as duas mais importantes “póleis” gregas, acompanhadas das respectivas aliadas, ocasionou não sou o apogeu como a decadência da hegemonia ateniense no Mar Egeu. Esse processo de degradação irreversível ocorreu tanto nos aspectos político, social e econômico.
Desse modo, a comédia antiga, de caráter eminentemente político, encontra farto material para seus enredos em uma sociedade decadente, mas que mantém a liberdade de expressão, necessária para a existência da crítica exercida pelo riso.
Em minha comunicação, pretendo ressaltar, apoiando-me em algumas passagens do texto aristofânico, de que modo a comédia antiga relacionava-se com os aspectos social e político da democracia ateniense.

3. A função da poesia Teognídea
Prof.ª Dr.ª Glória Onelley (CEIA-UFF)

Resumo: No ambiente de conflitos políticos e sociais e de mudanças de valores que marcaram a época arcaica da Grécia, o testemunho literário mais significativo do decadente exclusivismo aristocrático é a coletânea de elegias reunida sob o nome de Teógnis, poeta que floresceu possivelmente em meados do século VI a.C., em Mégara.
A coletânea de elegias que lhe atribuem, os Theognidea, representa um corpus substancial de poesia destinada à preservação do ideário aristocrático, haja vista nela transparecer um programa para o restabelecimento dos tradicionais valores de uma nobreza decadente e destituída.
Pretende-se, então, no presente trabalho, demonstrar, com base na tradução e análise de versos elegíacos, que a função da poesia teognídea é de cunho político, já que constitui um eficaz instrumento de manutenção da paidéia aristocrática.

4. O ideal pacifista na poesia de Píndaro
Prof.ª Dra. Shirley Fátima Gomes de A. Peçanha (Letras/UFRJ)

Resumo: As competições desportivas tornaram-se tradicionais na Grécia, principalmente entre os aristocratas, que, a partir do século VII a. C, assistiram às mais célebres competições pan-helênicas e delas participaram. No período dos jogos, era proclamada em todos os estados gregos a trégua sagrada, que visava proteger os participantes na vinda, durante a estada e no regresso para suas cidades. Assim sendo, a perspectiva político-social, no período das competições desportivas, era de paz e ordem cívicas.
Pretende-se verificar em que medida, ao celebrar a vitória dos atletas, Píndaro propõe nas odes um ideal pacifista a seus mecenas e ouvintes, considerando-se que, na condição de poeta profissional itinerante, conviveu com chefes dos centros políticos e culturais mais importantes da Grécia do século V a.C., representantes de diferentes formas de governo.

  • Minicurso: 18:00 – 20:00 – Auditório Macunaíma, Sala 405 – Bl. B

Ética, poder e participação no mundo antigo: Atenas e Roma, uma perspectiva comparativa
Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros Cabeceiras (CEIA-UFF)

A partir da consideração da Atenas democrática e da Roma aristocrática como sociedades políades ou cívicas, a proposta é examinar comparativamente as duas cidades quanto aos seus mecanismos de participação política e às suas representações de cidadão ideal.

QUARTA-FEIRA, 12/07/2006

  • Minicurso: 08:00 – 11:00 – Auditório Macunaíma, Sala 405 – Bl. B

Tradução das fábulas de Fedro
Prof.ª Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (Prof.ª Adjunto IV – Letras/UFF)

Breve introdução explicativa a respeito da utilização do gênero por diversos autores, desde o inventor Esopo na Grécia, até seus imitadores: Fedro em Roma, La Fontaine na França e Monteiro Lobato no Brasil.
Leitura, metrificação, comentários morfossintáticos e tradução de algumas fábulas de Fedro.
Interpretação da moralidade contida nas fábulas analisadas.

Pré-requisito: Ter cursado a disciplina Latim IV

  • Sessões de Comunicação

Sessão de Comunicações 1: Práticas sociais na Grécia antiga
08:00 – 09:30 – Sala: 207 – Bl. C
Coordenação: Prof. Dr. Fábio de Souza Lessa

1. O ideal de bela morte e práticas funerárias na Ilíada, de Homero
Carmen Lucia Martins Sabino (Graduanda em História – UFRJ/LHIA)

Resumo: Os ritos funerários mostram-se essenciais no pensamento grego, pois é essa prática que garante ao morto as honras que lhe são devidas e sua passagem definitiva ao Hades. Há ainda outro aspecto, quando as práticas funerárias são negadas a fim de impedir a ascensão do defunto ao estatuto social de morto e, conseqüentemente, a concretização de seu fim heróico. O objetivo deste trabalho é investigar como ideais de morte e os rituais correspondentes tornam-se um importante aspecto de socialização entre os gregos antigos e, para tanto, utilizaremos como documentação os Cantos XXIII e XXIV da Ilíada, de Homero.

2. Jogos em honra a Pátroclo: comparando escritos e imagens da Grécia Arcaica
Prof. Dr. Fábio de Souza Lessa (LHIA/PPGHC/UFRJ)

Resumo: Nesta comunicação propomos comparar como uma mesma temática – os jogos em honra a Pátroclo – fora lida por suportes de informações diferenciados, isto é, pela épica homérica (Ilíada XXIII, 257-897) e pelos pintores áticos do século VI a.C., que, certamente, tiveram a sua inspiração na poesia de Homero.

3. Representações acerca do corpo e esporte nas cerâmicas áticas do Período Clássico (Séculos V e IV a.C.)
Fabio Bianchini Rocha (Graduando em História – UFRJ)

Resumo: Corpo e pólis encontram-se em relação de íntima reciprocidade. Utilizando-se do corpo e de suas infinitas formas de expressão, a sociedade políade encontra um meio efetivo de tornar pública e consolidar toda a ideologia particular a sua dinâmica.
Por sua vez, as práticas esportivas são fatores primordiais na formação do cidadão grego antigo. Desta forma, devem ser analisadas como meio efetivo para o jovem alcançar a cidadania plena e ser enquadrado no modelo de cidadão ideal vigente na Atenas do Período Clássico.
Considerando que as imagens pintadas nos vasos áticos constituem construções ideológicas que refletem o modelo de comportamento idealizado pela sociedade, assim como as expectativas desta mesma sociedade em relação aos diferentes grupos nela inseridos, nos propomos analisar as representações do corpo e das práticas esportivas observados neste material, assim suas funções na dinâmica políade.

4. A paidéia ateniense na peça As Nuvens de Aristófanes
Vanessa Ferreira de Sá Codeço (Graduanda em História – UFRJ)

Resumo: Nesta comunicação propomos analisar a paidéia ateniense do Período Clássico (Séculos V – IV a.C.) e a foram como ela foi representada na peça As Nuvens do comediógrafo Aristófanes. Além da peça de Aristófanes, utilizaremos como documentação as obras Política de Aristóteles e as Leis de Platão.

Sessão de Comunicações 2: Das fontes textuais à história egípcia
08:00 – 09:30 – Sala: 412 – Bl. B
Coordenação: Prof.ª Dr.ª Haydée Oliveira

1. História, religião e ideologia: olhar para o Egito do Reino Novo para entender o presente
Fábio Afonso Frizzo de Moraes Lima (Graduando em História – UFF/CEIA)

Resumo: A partir do referencial teórico marxista, focado principalmente no próprio Marx e no italiano Antônio Gramsci, buscaremos analisar a importância da religião egípcia, como ideologia orgânica, na sociedade do Reino Novo (1550-1069). Para tal, utilizaremos como fonte o conjunto de escritos funerários conhecido como O Livro dos Mortos. Um segundo passo deverá consistir na análise de até que ponto seria possível utilizar os conhecimentos obtidos com tal estudo para o entendimento da nossa realidade presente e das ideologias orgânicas que a permeiam.

2. O uso de banco de dados em pesquisa em história antiga. Relato de experiências
Prof.ª Dr.ª Haydée Oliveira (CEIA-UFF)

Resumo: Em duas de minhas experiências em pesquisa, no momento de meu mestrado e mais recentemente de meu doutorado fiz uso de um banco de dados com o intuito de construir e organizar minhas coleções de dados. O presente trabalho, a ser apresentado no VIII encontro do CEIA, tem o objetivo de relatar sucintamente como foram tais experiências destacando as facilidades e dificuldades envolvidas neste tipo de empreendimento e todas as etapas contidas neste processo tais como: numa primeira fase, a identificação das reais necessidades da coleção de dados e a indicação das melhores ferramentas, numa segunda fase, as várias formas de se chegar à construção propriamente de tais ferramentas, e finalmente, o que exatamente pode-se esperar dos resultados obtidos através das já citadas ferramentas.

3. Um estudo sobre Königsnovelle
Marco Antonio Ferreira Coelho Mazzillo (Graduando em História – UFF/CEIA)

Resumo: O tropus literário conhecido como Königsnovelle ou romances reais tende a ressaltar a figura do rei sobre os demais, transformando em feitos únicos do rei campeão as campanhas, mesmo aquelas que não obtiveram o sucesso retratado nas paredes dos templos egípcios. Neste sentido a presente comunicação pretende analisar a segunda estela de Senusret III, em Semna, na Núbia comparando o discurso real com as estelas erigidas pelo faraó Kamés no templo de Amon, em Karnak.

4. Dos textos das pirâmides aos textos dos sarcófagos: considerações sobre a “democratização” da imortalidade no Egito Antigo
Maria Thereza David João (Mestranda em História – UFF)

Resumo: No período da história egípcia que cobre desde fins do Reino Antigo até o Reino Médio (2134 a.C-1650 a.C), observa-se um fenômeno no qual textos funerários anteriormente de uso exclusivo dos faraós em suas pirâmides – os assim chamados “Textos das Pirâmides” – e que serviam como uma espécie de guia na passagem para o outro mundo, tiveram o seu uso ampliado a outras parcelas da população, que passaram a inscrevê-los, de forma resumida, em seus caixões, inaugurando um novo tipo de literatura ritual funerária conhecida por “Textos dos Sarcófagos”. A isso se chama “democratização” da imortalidade, e este trabalho visa analisar alguns aspectos concernentes a esse processo e o período em que ocorreu.

Sessão de Comunicações 3: Mito, rito e oralidade
08:00 – 09:30 – Sala: 214 – Bl. C
Coordenação: Prof.ª Ms. Valéria Reis

1. Estratégias para o estudo dos homens-memória na Atenas Clássica (séc. V a IV a.C)
Alexandre Santos de Moraes (UFRJ)

Resumo: A tradição de oralidade é praticamente consensual entre os estudiosos do Período Clássico Ateniense (séc. V a IV a.C.). Esta sociedade confiava a guarda e a transmissão das histórias de heróis, genealogias e mitos aos chamados homens-memória. Em grandes ou pequenas audiências sua participação na vida políade acontecia através da palavra cantada, oralizada. Os homens-memória desempenhavam um papel importante no sentido de promover uma sensação de pertencimento e identidade cultural.
Todavia, como propõe Erik Havelock, a oralidade não deixa fósseis. É sempre uma tarefa difícil investigar a ordem dos seus discursos orais e seu estatuto social. Nossa comunicação pretende sugerir um viés nesse sentido: Através da compreensão e análise das representações míticas do deus Hermes – o arauto dos deuses – buscaremos novas referências para estudar as prerrogativas das quais estes homens-memória eram legítimos portadores.

2. Glauco: quando o pescador se torna imortal
Prof.ª Dr.ª Ana Livia Bomfim Vieira (UEMA)

Resumo: Esta comunicação objetiva analisar o mito de Glauco, o pescador, que depois de um salto iniciático se torna imortal. Abordaremos as ambivalências ligadas a sua atormentada imortalidade e a seu dom profético.

3. De desconhecido a herói: a alteração do status de Odisseus, na estadia entre os Feácios
Carlos Eduardo Botelho Santos (Graduando em História – UFRJ)

Resumo: Esta comunicação pretende analisar, a partir do episódio da passagem de Odisseus entre os Feácios (Odisséia, cantos VI-XIII), o papel dos ritos de hospitalidade como um espaço de reconhecimento das diferenças do status dos diversos nobres homéricos e, portanto, um lugar de excelência, no que tange à “negociação” de poder político no mundo de Homero.

4. Metaphorein: entre a imagem e a interpretação no discurso oracular
Prof.ª Ms. Valéria Reis (UNESA)

Resumo: O processo de inspiração comum ao poeta e ao mântis, na Antiguidade Grega, seria ocasionado por uma suspensão temporal no ato de contemplação de uma ‘visão’ privilegiada. A metáfora intercalar-se-ia entre a imagem visualizada e a hermenêutica do discurso. Como processo, metaphorein seria a realização verbal do discurso divino o qual abarcaria a totalidade temporal, contrapondo-se a uma visão parcial do tempo e dos fatos na hermenêutica humana.

Sessão de Comunicações 4: Relações de gênero e suicídio na Grécia antiga
09:30 – 11:00 – Sala: 412 – Bl. B
Coordenação: Prof. Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima

1. O belo morto suicida
Fernanda Mattos da Silva (Mestranda em História Comparada – UFRJ/LHIA)

Resumo: Nesta comunicação, procuraremos discutir os limites do conceito de “bela morte” forjado nas epopéias. Sabemos que esta representação sobreviveu em períodos posteriores, se tornando o paradigma seguido ainda no século V a.C. A partir desta afirmação, objetivamos entender o porquê desse ter sido um ideal que fora imposto em um contexto completamente diverso, o século V a.C.. Trabalharemos com a hipótese de que tal fato se deve a uma mudança na relação do homem com a morte, permitindo ao suicida atingir a condição de um belo morto.

2. Esparta e os valores: numa perspectiva de história comparada
Prof.ª Mestranda Isabel Sant’Ana Martins Romeo (PPGHC/UFRJ)

Resumo: Muitos historiadores trabalham a chamada “miragem espartana”, isto é, um discurso comum da literatura grega que exaltava a pólis dos espartanos como baluarte da maioria dos valores gregos aristocráticos existentes no Período Clássico. Atenta aos discursos “não espartanos” a historiografia trabalhava, e ainda o faz, com uma construção da lacedemônia divergente das demais póleis. Essa relação tornava-se ainda mais antagônica quando o estudo focava as esposas espartanas.
Essa comunicação, longe de esgotar o tema, pontuará algumas incongruências deste padrão historiográfico a muito defendido.

3. Desvendando o feminino nas cerâmicas do acervo do Museu Nacional da UFRJ
Magda Gomes da Silva (Mestranda em História Comparada – UFRJ/LHIA)

Resumo: Nesta comunicação, propomos analisar o corpus imagético que compõe a coleção Imperatriz Tereza Cristina do Museu Nacional da UFRJ sob a ótica das relações de gênero. Há um consenso entre os especialistas acerca da existência de um modelo ideal de esposa forjado pela sociedade grega e que predomina na documentação literária grega. Tencionamos estudar como este modelo foi lido pelos pintores no decorrer dos períodos Arcaico e Clássico da Grécia Antiga.

Sessão de Comunicações 5: O Egito antigo (faraônico e romano) através de fontes iconográficas e arqueológicas
09:30 – 11:00 – Sala: 214 – Bl. C
Coordenação: Prof. Doutorando Luís Eduardo Lobianco

1. Um estudo sobre a família em estelas funerárias egípcias do Reino Médio (2040-1640 a.C.)
Liliane Cristina Coelho (UTFPR)

Resumo: As estelas funerárias são artefatos importantes para o estudo da sociedade no Egito faraônico, pois estavam disponíveis a todos aqueles que pudessem custear a sua confecção. Além da fórmula de oferendas e da representação do morto diante de uma mesa recoberta de alimentos, tais objetos trazem inscrições relacionadas ao falecido, como o seu nome, seus títulos, os nomes de seus familiares, de seus amigos ou servos. Com base nesses dados, é possível estabelecer relações de parentesco e, por meio delas, empreender um estudo sobre a organização familiar na sociedade egípcia. Assim, essa comunicação tem por objetivo apresentar alguns dos resultados da pesquisa que empreendemos com esses monumentos. Para esse fim, foram selecionadas algumas estelas funerárias pertencentes à coleção do Museu Nacional, consideradas mais significativas no conjunto.

2. A romanização no Egito – um estudo iconográfico
Prof. Doutorando Luís Eduardo Lobianco (CEIA-UFF)

Resumo: Por meio da Análise de Conteúdo, aplicada a fontes primárias iconográficas produzidas no Egito durante parte da dominação romana (séculos I e II d.C.), esta comunicação objetiva analisar os diferentes níveis de intensidade, em que o processo de romanização floresceu naquela província, no que tange às práticas religiosas politeístas ali existentes. Para tanto, opero com dois diferentes corpora: imagens presentes em reversos de moedas cunhadas no ateliê de Alexandria e iconografia funerária oriundas do Fayum e de Abydos, no Médio e Alto Egito, respectivamente. O estudo aponta que, em geral, à medida que se afastam de Alexandria, rumo à χώρα – chóra, as imagens guardam cada vez mais elementos do substrato cultural faraônico, em detrimento do uso de componentes das culturas grega, helenística ou romana.

3. Vísceras inteiras ou pela metade? Um estudo sobre os vasos canópicos da coleção do Museu Nacional
Prof. Ms. Moacir Elias Santos (UNIANDRADE/CEIA-UFF)

Resumo: Desde as primeiras tentativas na conservação de corpos através das técnicas de embalsamamento, os egípcios sabiam que era necessária a extração dos órgãos internos para evitar a sua decomposição. Para os privilegiados, o procedimento incluía a limpeza, a secagem com natrão, a colocação de resinas e o envolvimento com faixas de linho. Por último, os órgãos deveriam ser depositados em quatro vasos, cuja aparência mudou significativamente ao longo dos três mil anos da história egípcia. A partir da XVIII dinastia até o final do Primeiro Milênio, os vasos tiveram as suas tampas esculpidas com as efígies dos filhos de Hórus. Têm justamente esta forma, os oito vasos completos e duas tampas avulsas que se encontram entre os inúmeros artefatos egípcios da coleção do Museu Nacional. Nessa comunicação apresentaremos um estudo dos referidos vasos, bem como discutiremos os resultados obtidos, visando um melhor entendimento de certos aspectos da religião funerária egípcia.

4. A magia no contexto da religião popular dos antigos egípcios
Taiany Bittencourt Calazans Vaz (Graduanda em História – UFF/CEIA)

Resumo: A religião popular do Egito faraônico, sobretudo para o III e II milênio a.C., é de documentação muito mais difícil do que os aspectos régio e templário da mesma religião. Nesta comunicação interessar-nos-ão os aspectos mágicos da religião popular, que consistiam em aspectos diversos: 1) amuletos apotropaicos para diversas finalidades (boa gravidez e bom parto, proteção contra os demônios causadores de doenças, etc); 2) magia vinculada à religião votiva, por exemplo, mediante deposição nos templos e em certos cemitérios de múmias de determinados animais, sendo tal ato acompanhado de pedidos a entidades sobrenaturais; 3) encantamentos mágicos pronunciados por médicos ou sacerdotes para obtenção de certas finalidades, só em contados casos preservados por escrito. Esta comunicação tratará de ilustrar estes e outros aspectos mediante uso de documentação arqueológica e escrita.

Sessão de Comunicações 6: A romanização em abordagens diversas
09:30 – 11:00 – Sala: 207 – Bl. C
Coordenação: Prof.ª Dr.ª Claudia Beltrão da Rosa

1. Imperium sine fine – A questão do espaço urbano no Alto Império, a Britânia Romana e a cidade de Camulodunum
Bernardo Luiz Martins Milazzo (Graduando em História – UNIRIO)

Resumo: O presente trabalho de pesquisa analisa os meios e estratégias de intervenção romana no espaço geográfico da província romana denominada Britannia. Como fator desse processo, procuramos observar, em linhas gerais, as características e a importância da construção de centros urbanos em tal província. Posteriormente, teremos como foco principal de análise um dos mais proeminentes desses centros locais do poder romano – Camulodunum –, tanto como presença da autoridade imperial, assim como fator de resistência local. Para tratar e auxiliar essa pesquisa, utilizamos de teorias contemporâneas acerca da urbanização, traçando um corpo metodológico para podermos compreender melhor o que foram as civitas no mundo romano e também dentro das especificidades encontradas na Britannia.

2. Império sine fine – A experiência imperial romana na província da Síria Palestina
Jorwan Gama da Costa Junior (História – UNIRIO)

Resumo: Esta comunicação visa demonstrar como será desenvolvido o projeto de pesquisa de iniciação científica intitulado: Imperium sine fine – A experiência imperial romana na província da Síria-Palestina. Este trabalho visa demonstrar como será conduzida a pesquisa intitulada:, que por sua vez está ligada a um projeto de pesquisa coordenado pela Prof.ª Claudia Beltrão chamado: Oikeiōsis e Justiça no Período Helenístico: uma leitura aristotélica do pensamento estóico e os pressupostos em Antíoco e Ário Dídimo. Partindo do conceito de “Império sine fine”, estudaremos o processo de romanização na Judéia, que mais tarde viria a se tornar a província da Palestina Taertia.

3. Imperium sine fine – A experiência imperial romana na província da Germânia
Otto Carlos Barreto Neto (História – UNIRIO)

Resumo: Esta comunicação visa demonstrar como será desenvolvido o projeto de pesquisa de iniciação científica intitulado: Imperium sine fine – A experiência imperial romana na província da Germânia. Este trabalho visa demonstrar o processo de romanização da Germânia após sua “anexação” pelo imperator Júlio César, demonstrar as ferramentas deste processo e a conseqüente inserção de germanos no exército romano e toda a problemática desta interação. A fonte usada neste projeto é a Germânia de Tácito, que retrata detalhadamente os habitantes, costumes e características desta região. Para aprofundar esta análise acerca da relação entre dois mundos tão diferentes, observamos a seqüência de guerras, sejam elas defensivas ou ofensivas, que percorreram entre os séculos I AC e I DC e o afastamento germânico da influência latina após a batalha de Teutoburgo.

4. Quinto Sertório: um elemento de romanização
Vanessa Vieira de Lima (Graduanda em História – UNIRIO)

Resumo: O presente trabalho vem a tratar de um tema bastante discutido na atualidade, a romanização. Sua base é a Conjuração de Sertório ocorrida na Hispânia nos últimos anos da República. Tal personagem é utilizado porque retrata bem as intervenções políticas e econômicas na Península Ibérica, as negociações ideológicas e o intercâmbio cultural existente entre os romanos e os povos nativos em meio a um momento de destacada relevância na história desta civilização, a Guerra Civil. O território em que se desenrolará a revolta compõe hoje o que chamamos de Espanha e, em certa medida, Portugal. As fontes analisadas dão bem conta de todo esse processo; as quais são de autoria de Plutarco – Sertório: año 77-76 a. C e Sertório: año: 74 a.C. As metodologias empregadas são a semiótica e a leitura isotópica desenvolvidas por Ciro F. S. Cardoso e Algirdas Greimas, respectivamente.

Sessão de Comunicações 7: Estudos de política na literatura greco-romana
09:30 – 11:00 – Sala: 307 – Bl. B
Coordenação: Prof. Dr. Marcos José de Araújo Caldas

1. Heródoto, as tiranias e o pensamento político nas Histórias
Prof.ª Mestranda Camila da Silva Condilo (USP)

Resumo: Esta pesquisa visa estudar a obra de Heródoto a partir de uma perspectiva política. Neste sentido, nosso estudo pretende demonstrar que existe um pensamento sobre a política próprio de Heródoto que não se articula segundo as categorias tradicionais de reflexão sobre a pólis: ele não se pautaria pela isonomia, nem na importância do nomos como em Ésquilo ou Sófocles, nem na forma de politeia (o que chamaríamos de constituição) como será para os pensadores do século IV, embora tais formas estejam presentes em seu texto e tenham sua importância. Nossa hipótese é que seu pensamento político poderia ser caracterizado como empírico, isto é, pautado pelos êxitos e falhas das experiências políticas do passado. Dentro desta perspectiva, tais experiências – trazidas por diversas histórias (ou estórias) – seriam determinantes (ou ao menos de importância significativa) em momentos de decisão, na manutenção ou mudança de regimes políticos, revoluções etc., configurando uma espécie de “pensamento político da ação”, se assim podemos falar. Analisamos os relatos sobre a tirania na obra – um tema bastante trabalhado mas ainda um tanto controverso entre os pesquisadores – como estudo de caso para a verificação de nossa proposição. Tal escolha se apresenta com um campo ideal de provas na medida em que Heródoto apresenta juízos contraditórios sobre a tirania numa época em que já havia um certo senso condenatório sobre a tirania como forma de governo. Ao explorar o fator político nas Histórias, o trabalho pretende contribuir tanto no sentido de ajudar a entender se existe uma reflexão sobre a política na narrativa, como também pretende ainda contribuir no sentido de ajudar a entender essa ambigüidade da tirania presente na obra e que foi perpetuada num debate acerca de seu caráter objetivo ou convencional por parte dos estudiosos, pois a proposta do trabalho implica uma revisão dessa bibliografia à luz das novas visões sobre o autor como unidade textual.

2. O modelo de justiça e soberania em Hesíodo
Carlos Eduardo de Souza Lima Gomes (Mestrando em História – UFF)

Resumo: A comunicação visa contemplar os aspectos modelares da justiça postulados por Hesíodo em seus dois poemas – a saber: Os trabalhos e os dias e a Teogonia. A partir desse modelo estabelecido, a figura de um soberano será então objeto da comunicação tentando captar quais seriam os atributos morais e ações deste para que seus súditos e toda a cidade viva em harmonia.

3. Concepções de homem e bem comum: o utilitarismo e o republicanismo
Mariana Peluso de Araújo (Mestranda em Ciência Política – UFRJ)

Resumo: Neste trabalho discuto as concepções de bem comum ou bem público, envolvendo as perspectivas utilitarista e republicana. São enfatizadas as concepções de homem e sociedade subjacentes a cada uma dessas linhas de pensamento, que entendo como fundamentais para a construção das idéias acerca do bem comum. Para além do modus operandi da democracia, o que está em jogo na discussão entre as duas correntes teóricas é a distinção entre zoon politikon e homo oeconomicus. Para alcançar os objetivos propostos, traço as concepções de homem e de bem comum, primeiro, no utilitarismo, utilizando os autores Elie Halévy e Joseph Schumpeter. Para a vertente republicana, foram selecionados o livro Política, de Aristóteles e as obras As Fontes do Self e Argumentos Filosóficos, de Charles Taylor, expoente do atual republicanismo.

4. República e Utopias: Platão e Cícero
Shirley Mariano da Costa Sanchez (UNIRIO)

Resumo: Duas obras, dois mundos, duas culturas. Neste trabalho objetivaremos traçar considerações acerca de duas importantes reflexões para a história da filosofia política: A República de Platão e A República de Cícero. Não obstante, procuraremos destacar o período que abarca o surgimento dessas obras, argüindo sobre o universo diegético e a duração dos elementos que o constituem. Estas obras, homônimas, e pertencentes a duas gerações distintas, servirão de instrumento analítico para o estudo dos universos teóricos, ocupados por esses dois grandes mestres da filosofia política da antiguidade. Propositalmente, a escolha desses autores viabilizará o entendimento das condições históricas de Grécia e Roma, coincidindo o surgimento de suas obras, com um momento de crise política e social vivida nessas regiões. As grandes mudanças daí derivadas instigarão as construções teóricas “ideais” propugnadas pelos autores.

Sessão de Comunicações 8: Religião e sociedade: estudos judaico-cristãos
11:00 – 12:30 – Sala: 207 – Bl. C
Coordenação: Prof.ª Dr.ª Cláudia Andréa Prata Ferreira

1. Palestina, a periferia do Império Romano: as formas de resistência ao poder constituído
Alberto José Patricio Pereira (Mestrando – PPGHC/UFRJ)

Resumo: Este trabalho visa demonstrar a realidade do domínio imperial romano, a Palestina, que apresenta características próprias nesta estrutura desse império.
A Palestina, por sua tradição estritamente ligada à religião judaica (com base na Torá) e por seu histórico de submissão a diversos impérios, cultiva uma constante resistência ao espírito de domínio estrangeiro e opressor, entranhado na tradição deste povo que tinha por objetivo restabelecer o modo de vida israelita tradicional, que fora tão implacavelmente transtornado pelo imperialismo romano.
Nessa perspectiva, as informações sobre protestos e resistências populares nas quais temos informações escritas, representam a ponta do iceberg de contestação popular ao domínio romano, em caso particular e, a fim de avaliar a profundidade deste movimento na Palestina, é preciso admitir que todas as formas de protesto e resistência, clandestina ou públicas, estão radicadas no que tem sido considerado como “transcrito oculto”.
Assim, pretende-se examinar que fatores determinaram o insucesso da instauração de um estável sistema de domínio romano na Palestina e a importância deste transcrito oculto desenvolvido pelas classes populares (camponeses, trabalhadores urbanos e escravos), que constrói o comportamento e o discurso das mesmas em relação ao que convencionou-se chamar de “transcrito oficial”, este determinado pelas elites.

2. Aspectos característicos da poética (hebraica) bíblica
Prof.ª Dr.ª Cláudia Andréa Prata Ferreira (Prof.ª Adjunta Letras Hebraico – UFRJ, PPGHC/IFCS/UFRJ)

Resumo: O Tanach (Bíblia Hebraica) abrange os Vinte Quatro Livros Sagrados, que foram canonizados como Escritos Sagrados no cânone judaico. De toda a literatura judaica antiga criada, somente uma parte chegou até nós, pois muitos livros se perderam nos tempos antigos, e vários outros, considerados apócrifos, foram escondidos deliberadamente. Na presente comunicação, apresentamos as principais características do pensamento e linguagem dos autores bíblicos.

3. Honra e vergonha: Maria, mãe de Jesus e Maria Madalena na literatura cristã do I e II séculos
Diádiney Helena de Almeida (Graduanda em História – UFRJ) e Patrícia Elizabete da Silva (Graduanda em História – UFRJ)

Resumo: Esta comunicação tem por objetivo apresentar uma análise do objeto de estudo sob a perspectiva da Antropologia Intercultural. Analisaremos através da literatura cristã as figuras de Maria, mãe de Jesus e de Maria Madalena, personagens emblemáticas do Cristianismo Primitivo que estiveram presentes em diferentes comunidades culturais inseridas no Mediterrâneo. Considerando que estas sociedades são regidas pelos valores de honra e vergonha, convém salientar que no caso específico, estes dois valores estão diretamente relacionados com a sexualidade e o poder.
Para tal, utilizaremos como documentação textual os Evangelhos intracanônicos e extracanônicos datados do I e II séculos.

4. A Concepção de Maria pelo Espírito Santo e os ritos de Hierogamia politeístas: propostas para uma análise comparativa
Lolita Guimarães Guerra (Mestranda – PPGHC/UFRJ)

Resumo: A intenção desta comunicação é propor uma alternativa de análise do mito da concepção mariana à luz dos ritos praticados em ambiente helênico e mesopotâmico em honra a Dioniso e à deusa do planeta Vênus, Inanna. Tal investigação apóia-se no conceito de hierogamia como um evento mítico e ritualístico em que um humano experimenta relações sexuais com uma entidade sobre-humana. A crença cristã na união entre a mãe de Cristo e o Espírito Santo parece poder ser analisada simbolicamente através da comparação com tais manifestações politeístas em vista das analogias presentes nos três mitos. Contudo, apesar das similaridades entre eles, devemos estar atentos para as particularidades de cada um, a exemplo da aversão a este tipo de “bodas sagradas” atestada na documentação judaica, como o Gênesis e o Livro de Enoch.

Sessão de Comunicações 9: A representação da mulher na literatura latina
11:00 – 12:30 – Sala: 214 – Bl. C
Coordenação: Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Silveira Cerqueira

1. Personagens femininas em Metamorfoses de Apuleio de Madaura
Aline Fernandes de Sousa (Graduanda em História – UFF/CEIA)

Resumo: O presente trabalho é oriundo de uma pesquisa de PIBIC da qual participo destinada ao estudo do romance Metamorfoses de Apuleio, século II d.C. Tal narrativa conta a trajetória do cidadão romano Lúcio que, numa viagem à Tessália em busca de magia, acaba transformado em asno e passa por várias desventuras típicas da vida de escravos. Esta comunicação tem por objetivo comparar duas personagens femininas contidas na obra que representam posturas opostas relativamente ao comportamento socialmente esperado das mulheres no mundo romano: uma mulher nobre, virtuosa e defensora de sua honra, por um lado e, do outro, uma mulher assassina, dissimulada e audaciosa. Usaremos os pressupostos do método “estruturalista genético” de Lucien Goldmann para dar conta de nosso objeto, assim como análise semiótica textual.

2. A representação da mulher em Roma pelos poetas elegíacos
Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Silveira Cerqueira (UFF)

Resumo: Alguns textos da historiografia romana revelam a participação das mulheres em Roma, mas é, surpreendente, a forma como que os poetas elegíacos conseguem, com mais clareza, pintar a imagem da mulher augustana.
Este trabalho pretende justificar a afirmação, acima.

3. A identidade feminina na literatura latina
Bárbara Pontes dos Santos (Pós-graduanda em Letras – UFF)

Resumo: Partindo de diferentes gêneros literários latinos (epopéia, elegia e romance), pretende-se observar como a construção ficcional da mulher foi sendo produzida e modificada através dos séculos.

4. As personagens femininas na Aulularia de Plauto
Juliana Regoto Rodrigues (Pós-graduanda em Letras – UFF)

Resumo: Este trabalho tem a intenção de mostrar as personagens femininas na obra Aulularia de Plauto, ou A Comédia da Marmita, como também é conhecida. Nesta comédia podemos ver o desenrolar de uma história em que o protagonista, um velho avarento, faz de tudo para guardar uma marmita cheia de ouro. E a partir disso, aparecem as personagens femininas, que, de acordo com a visão de Plauto, nos mostram seu papel social e seu comportamento dentro da sociedade romana.

Sessão de Comunicações 10: Ecos da Antigüidade em épocas posteriores
11:00 – 12:30 – Sala: 412 – Bl. B
Coordenação: Prof. Dr. Syllas Mendes David

1. Diálogos possíveis – Alberto Caeiro e os Pré-Socráticos
Daniele Kazan (Licencianda em Letras – UERJ)

Resumo: Pretendemos, neste trabalho, encontrar traços (e também divergências) pré-socráticos na poesia de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, intitulado por este como mestre de todos os heterônimos e seu próprio mestre. Justamente por ser reconhecidamente mestre, motivou nosso interesse, pois há um pouco de pensamento caeiriano nos outros heterônimos e no ortônimo que, por sua vez, apresenta-se também múltiplo; mas, nem por isso, deixam de ser todos incrivelmente distintos uns dos outros.
Quanto às escolas pré-socráticas, encontramos muito de sua filosofia nos poemas de Caeiro. E o mais intrigante é que ele não pretende fazer filosofia: é apenas um poeta. Será?
Defenderemos aqui a tese de que Fernando Pessoa, possuindo grande conhecimento filosófico, criou o mestre Alberto Caeiro de acordo com os postulados filosóficos dos nossos primeiros “mestres gregos”, também se contrapondo, mas, de qualquer modo, baseando-se neles: seja por convergência ou divergência. Desta forma, Fernando Pessoa conseguiria dar conta de seu objetivo: fazer com que na arte “esteja tudo quanto de essencial produziram o Egito, a Grécia, Roma, a Renascença e a nossa época” (Apontamentos sobre estética feitos por Pessoa e Campos – De Orpheu e do Sensacionismo).

2. www.O FAROL DE ALEXANDRIA: um projeto de divulgação da cultura Alexandrina na Internet
Prof.ª Dr.ª Fernanda Lemos de Lima (UERJ/FGV)

Resumo: Nesta comunicação, pretende-se discutir os caminhos, reflexões e propostas que possibilitaram a construção do Projeto O Farol de Alexandria: Serápis na Internet, que busca a construção de um site para a divulgação das pesquisas realizadas em torno de vários temas literários e religiosos relativos à Alexandria Ptolomaica, como a poesia de Calímaco, Teócrito, os mimos de Herondas, bem como o estudo da criação de Serápis. Propõe-se uma reflexão sobre as possibilidades de se construir uma base na internet para a realização de cursos a distância na área de estudos helênicos.

3. Educação e filosofia
Rafael Mello Barbosa (UFF/UFRJ)

Resumo: Todos sabem que a educação básica no Brasil está em apuros, num beco sem saída, mas será que em geral damos a devida importância para esse assunto? Quando a educação e o sistema educacional naufragam o que mais corre risco de perder-se? Tudo aquilo que para ela tende e dela depende e deriva. É claro que poderíamos falar do “bom gosto” que é esquecido e deixado de lado, mas isso seria uma apreensão superficial. É pela educação que nós entramos em contato estreito com o uso da palavra e nos aprimoramos no trato conosco, com os outros e com o mundo. Índice do menosprezo pela educação (pensada em sentido mais amplo) são os ídolos que a juventude brasileira traz como guia de vida, quantos deles são homens que se dedicaram algum conhecimento ou sabedoria, em geral são atores, cantores e desportistas que valem mais por quanto aparecem do que por quanto são.
A educação na Grécia antiga é um tema recorrente e exaustivamente trabalhado, por isso, pode nos ajudar a compreender importância da educação em geral e para o Brasil. Nesse intuito trabalharemos com a percepção ética enunciada por Aristóteles (o hábito é o divino no homem) e a com a crítica platônica à educação grega em geral.

4. Valores da Antigüidade Clássica na épica virgiliana do Waltharius de Ekkehard I
Prof. Dr. Syllas Mendes David (CEIA/UFF)

Resumo: O poema Waltharills, com seus 1456 hexâmetros latinos, fruto do Renascimento Carolíngio e, possivelmente, obra de um jovem estudante do mosteiro de Saint Gall na Suíça do século IX ou X, apresenta passagens em que o poeta franco manifesta qualidades deliberadamente virgilianas a contrastar com seus germanismos na temática de sagas dos Niebelungen. O recurso esti1ístico da ironia, prenunciado no verso 235, dá margem à inevitável ambigüidade das mais óbvias interpretações do poema, ante os imperativos de uma estrita ética de inspiração evangélica e as contradições de comportamento das personagens germânico-cristãs.

Sessão de Comunicações 11: Estudos lingüísticos e literários no texto introdutório à Cosmographia de Claudius Ptolemaeus
11:00 – 12:30 – Sala: 307 – Bl. B
Coordenação: Profª Drª Lívia Lindóia Paes Barreto

1. A relação sintático-semântica da preposição sub no texto introdutório à Cosmographia de Claudius Ptolemaeus
Maria Nazaré Achão Assunção (Graduanda em Letras Português/ Latim – UFF)

Resumo: Nosso trabalho apresenta a trajetória semântica da preposição sub no corpus latino, A Cosmographia de Claudius Ptolemaeus, texto Introdutório de Nicolas Germanus, organizador da edição incunábula de 1486. Este estudo faz parte do Projeto de Iniciação Científica aprovado pela FAPERJ. O foco da nossa análise, portanto, é a relação sintático-semântica do latim, contextualizada na cultura renascentista retratada na referida obra.

2. Latim renascentista: uma retomada das preposições ex, ab e de e suas possíveis alterações de uso
Nathália Esteves da Silva (Graduanda em Letras Português/ Latim – UFF)

Resumo: Nesta comunicação apresentaremos uma reflexão a respeito do uso predominante da preposição de latina em relação às preposições ex e ab ao configurarem a idéia inicial de afastamento. Este estudo é parte integrante do Projeto de Iniciação Científica – Pibic/ CNPq, intitulado “A Cosmographia de Claudius Ptolemaeus: análise, tradução e comentários”, sob a orientação da Profª Drª Lívia Lindóia Paes Barreto. Coube-nos como objeto de pesquisa a análise do texto Introdutório à referida obra, que é uma versão incunábula (1486) escrita inicialmente em grego e depois, em latim, por Nicolas Germanus, um intelectual do Renascimento. Nosso trabalho aponta para uma hipótese de alteração no uso das mencionadas preposições latinas visível no período renascentista, partindo de comparação com construções registrada no Bellum Gallicum de César.

3. Oráculos sibilinos: reflexos pagãos na cultura cristã-renascentista
Thaíse Pereira Bastos de Almeida Silva (Graduanda em Letras Português/ Latim – UFF)

Resumo: O presente trabalho é um dos produtos de nossa pesquisa durante o projeto de Iniciação Científica, apoiado pela Faperj e orientado pela Prof.ª Dr.ª Lívia Líndóia Paes Barreto. A pesquisa tem como fonte principal o texto introdutório da Cosmographia de Claudius Ptolemaeus cuja versão latina de 1486 foi organizada por Nicolas Germanus. Nesta Comunicação, a reflexão acerca do Renascimento, época na qual se insere a já referida obra, será o ponto de partida para a análise da lenda das antigas profetisas do mundo latino – as sibilas. Deste modo, buscaremos evidenciar a relação entre o conceito pagão e o conceito cristão-renascentista da lenda, com o objetivo de distinguir as duas concepções.

  • Mesa-redonda: 14:00 – 16:00 – Auditório Macunaíma, Sala 405 – Bl. B

Aspectos da ética no mundo greco-romano: estrangeiros, mulheres e escravos
Coordenação: Prof.ª Dr.ª Sônia Regina Rebel de Araújo

1. O estrangeiro em Corinto Arcaica
Prof. Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima (UFF)

Resumo: A presente comunicação tem como objetivo compreender a prática da xenía – hospitalidade – na pólis de Corinto durante a Tirania dos Cypsélidas (620-550 a.C.) De acordo com a historiografia, o regime tirânico promoveu reformas, entre elas a construção do díolkos, com o intuito de incrementar as práticas comerciais na região do Istmo. Procuraremos demonstrar que os coríntios procuravam receber bem os estrangeiros de passagem em sua pólis, por meio da prática da prostituição sagrada. Além disso, salientaremos a opção por parte dos tiranos em fomentar cultos e atividades dos grupos dos artesãos (cidadãos e metecos) em Corinto nos VII e VI séculos a.C.

2. O conquistador e o rebelde em Tácito
Prof. Dr. Jorge Mário Davidson (UNIRIO/CEIA-UFF)

Resumo: Em 84 d.C., o governador da Britânia, Gnaeus Julius Agricola, venceu no combate do Monte Graupius um importante contingente de guerreiros das insubmissas tribos caledônias que ocupavam o norte da ilha. Em Agricola XXIX-XXXII, Tácito relata os acontecimentos e reproduz o discurso proferido antes da batalha por Calgacus, um dos lideres tribais. A construção do discurso de um estrangeiro, um vencido, permite a Tácito construir uma imagem idealizada do rebelde além de lhe oferecer uma oportunidade para expressar a sua própria visão critica do Império Romano.

3. Clodia Qua Meretrix: o Pro Caelio de Cícero
Prof.ª Dr.ª Claudia Beltrão da Rosa (UNIRIO/CEIA-UFF)

Resumo: No discurso em favor de Célio (Pro Caelio), acusado pela quaestio de vi (sedição), Cícero constrói um documento ímpar para os estudos de misoginia. A chave para a sua defesa foi um affair entre Clódia e Célio, que deu ao orador a oportunidade de representar a principal testemunha da acusação, a nobre Clódia, imortalizada como a “Lésbia” dos Carmina de Catulo, como o protótipo da meretrix, cujo testemunho não devia ser levado em conta, permitindo-lhe concentrar o tratamento da acusação de Célio neste único episódio do caso. Com isso, Cícero desviou a atenção do júri para supostos motivos passionais do acusado, invalidando a grave dimensão política do caso. Cícero recriou o caso de Clódia e Célio no tribunal, persuadindo sua audiência (e os séculos futuros) da devassidão e da vileza de Clódia. Cícero apresenta o acusado como um jovem apaixonado, fiel e dedicado, enganado por uma “mulher livre” (i.e., sem marido), uma meretrix desregrada e não confiável. Sabemos que este processo era, para Cícero, uma excelente oportunidade de vingança pessoal contra os irmãos Clódio Pulcher, agente político de César, e Clódia-dos-belos-olhos, cesariana que reunia à sua volta políticos, artistas e filósofos da época. No discurso, as extravagâncias que reprova em Clódia, aprova em Célio. Pede a indulgência do júri para o rapaz e a condenação de Clódia que, segundo o orador, não se comportava como uma boa matrona romana, pois se mantinha na linha de frente da vida pública romana. O discurso introduz a hostilidade em relação às mulheres em geral e uma atmosfera de tolerância em relação ao jovem acusado, garantindo-lhe a absolvição e maculando a reputação de Clódia (e das mulheres sem tutela masculina) pelos séculos vindouros.

4. Escravidão e ética no mundo romano: uma discussão a partir de O Asno de Ouro
Prof.ª Dr.ª Sônia Regina Rebel de Araújo (CEIA-UFF)

Resumo: Pode o escravo, um ser humano definido como propriedade, em primeiro lugar, portanto um “não-ser”, desprovido de honra e de dignidade, o avesso do cidadão, ter uma ética própria? Discuto nesta comunicação aspectos ideológicos concernentes à visão que as elites tinham dos escravos no mundo romano, tomando como locus da análise uma fonte – O Asno de Ouro de Apuleio – para tentar analisar o que tais elites entendiam por “bom” ou “mau” escravo mais próximo ou distante de ter uma dignidade ou “honra”. Trata-se de uma discussão mais geral sobre uma ideologia escravista no mundo romano e de como se pode verificar o tema da ética em relação à escravidão. Analisarei as passagens contidas nos Livros VIII, 22 e IX, 17-27.

  • Minicurso: 18:00 – 20:00 – Auditório Macunaíma, Sala 405 – Bl. B

Ética, poder e participação no mundo antigo: Atenas e Roma, uma perspectiva comparativa
Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros Cabeceiras (CEIA-UFF)

A partir da consideração da Atenas democrática e da Roma aristocrática como sociedades políades ou cívicas, a proposta é examinar comparativamente as duas cidades quanto aos seus mecanismos de participação política e às suas representações de cidadão ideal.

QUINTA-FEIRA, 13/07/2006

  • Minicurso: 08:00 – 11:00 – Auditório 218 Bl. C

Tradução das fábulas de Fedro
Prof. Dr.ª Edna Ribeiro de Paiva (Prof.ª Adjunto IV – Letras/UFF)

Breve introdução explicativa a respeito da utilização do gênero por diversos autores, desde o inventor Esopo na Grécia, até seus imitadores: Fedro em Roma, La Fontaine na França e Monteiro Lobato no Brasil.
Leitura, metrificação, comentários morfossintáticos e tradução de algumas fábulas de Fedro.
Interpretação da moralidade contida nas fábulas analisadas.

Pré-requisito: Ter cursado a disciplina Latim IV

  • Sessões de Comunicação

Sessão de Comunicações 12: O poder do mito, da morte e da magia na antigüidade
08:00 – 09:30 – Sala: 207 – Bl. C
Coordenação: Prof.ª Dr.ª Maria Regina Candido

1. O diálogo entre as práticas mágicas egipto-helênicas no contexto do Egito Ptolomaico
Prof.ª Doutoranda Dulcileide do Nascimento (UERJ/UFRJ)

Resumo: Em Os Argonautas, de Apolônio de Rodes encontramos, como protagonista dos cantos III e IV, Medeia, personagem construída sob o signo da magia. Partindo da idéia de que sua ascendência esteja vinculada à fundação da Cólquida pela tropa egípcia de Sésotris, tomamos Medeia como um arquétipo de maga, ao percebermos a tênue linha existente entre as práticas mágicas encontradas na África helenizada e as utilizadas por Medeia, evidenciando, desse modo, uma ligação com o Egito.
A nossa proposta de comunicação é visualizar, através do estudo da narrativa de Apolônio e de imagens selecionadas, este aspecto cultural tão negligenciado quando tratamos de estudos helenísticos: a magia.

2. A complexidade das relações sociais presentes no contexto funerário do cemitério do Kerameikos na Atenas Clássica
Fabiane Silva Martins (Graduanda em História – UERJ/NEA)

Resumo: Este trabalho tem por objetivo mostrar como o Cemitério do Kerameikos se transformou num espaço de poder e de relações sociais através das práticas mágicas que eram realizadas em seu interior, fato que se refletia até mesmo na arquitetura do cemitério, separando os que ali estavam enterrados por classe social, gênero e idade.
As práticas mágicas que até antes do período Clássico eram voltadas somente para os rituais e festividades da pólis ateniense que uniam toda a Koinonia/comunidade, estavam agora, também voltadas para atender os desejos individuais daqueles que se sentiam lesados, injustiçados ou simplesmente tinham inveja de alguém bem sucedido. Esta mudança de desejos para as quais a magia era feita se deu devido às novas ideologias e relações sociais que se estabeleciam na Atenas do recorte temporal escolhido, um contexto de turbulências e acentuadas mudanças, decorrentes do cenário de guerras praticamente constantes que se estabeleceu em Atenas.

2. Caronte: as interpretações da morte na Atenas do Período Clássico
Thiago Fernandes da Silva (Graduando em História – UERJ/NEA)

Resumo: Pretendemos através do estudo da Iconografia dos Lécitos funerais de fundo branco, especificamente os que retratam Caronte, identificar como as transformações sociais do período clássico atuaram na concepção da Morte na sociedade dos atenienses. Através da análise da semiótica da imagem e da comparação com o modelo anterior da morte – a figurada por Hypnos e Thanatos, investigaremos as motivações do surgimento de Caronte como elemento ritual no século V.

3. A magia dos mitos nos defixios gregos do Período Clássico ateniense
Tricia Magalhães Carnevale (Graduanda em História – UERJ/NEA)

Resumo: Hermes, Hekate, Perséfone e Hades, deuses gregos que eram exaltados nos defixios atenienses, cuja fina e delicada lâmina de chumbo trazia gravada imprecações odiosas contra adversários. A inveja do trabalho de outro ateniense, o amor desejado, o medo da derrota nas competições esportivas e a insegurança diante do tribunal, motivaram muitos atenienses a buscar ajuda nestes katádesmoi. Sua magia se beneficiava das almas daqueles que haviam quebrado o ciclo de vida ateniense, como as grávidas mortas durante o parto, crianças, indivíduos assassinados, suicidas. Através dos destas almas pediam permissão aos deuses ctônios já citados para fazerem mal aquele considerado inimigo ou adversário pessoal. Como nem todos os deuses faziam parte desta prática mágico-religiosa, nem mesmo apareciam todos juntos nos defixios, nos questionamos qual seria o critério para a seleção da divindade, teria relação à sua mitologia e o contexto da lâmina ou seria o mago ou solicitante adorador desta divindade? No que os atenienses acreditavam para buscar este tipo justiça pessoal, em meio a tantas mudanças políticas, econômicas e culturais características do Período Clássico?

Sessão de Comunicações 13: Literatura, gênero esociedade no mundo antigo
08:00 – 09:30 – Sala: 307 – Bl. B
Coordenação: Profª Drª Sônia Regina Rebel de Araújo

1. A questão do gênero na literatura egípcia do IIº milênio a.C.
Prof.ª Doutoranda Amanda Wiedemann (PPGH – UFF)

Resumo: O presente trabalho é resultado parcial de minha pesquisa acerca da posição dos gêneros no Egito do IIº milênio a.C. Seu objetivo é analisar o papel de homens e mulheres, e suas transformações ao longo do período em questão, numa sociedade em que, teoricamente, tinham os mesmos direitos, mas na prática, as vantagens que essa igualdade propiciava às mulheres não deve ser superestimada.

2. A história de Roma através das mulheres de Petrônio
Érica Dias Costa (Pós-graduanda em Cultura, língua e literatura latina – UFF)

Resumo: O objetivo dessa comunicação é a abordagem da personagem feminina e sua construção através do olhar de um literato, ou seja, um escritor de crônicas de costumes. Com esse propósito as opções foram fontes que apresentam a história do período da decadência romana e o livro Satiricon, de Petrônio. A primeira marca os estudos teóricos sobre a sociedade e sua educação que já estava entrando em colapso por fatores sócio-políticos; e a segunda é a demonstração prática dessa teoria com enfoque na mulher e sua posição no mundo romano.

3. A esposa e a amante no Satiricon de Petrônio
Prof.ª Fabiana de Mattos Busquet (Pós-graduanda em Cultura, língua e literatura latina – UFF)

Resumo: Nosso trabalho consiste em fazer uma pequena mostra do papel da mulher na sociedade romana – esposa ou amante – conforme foi relatado na obra Satiricon de Petrônio.

4. Entre a moralidade e o sentimento: a dialética de Electra e Clitemnestra
Monique Lopes Inocencio (Licencianda em Letras – UERJ/Casa de Ruy Barbosa)

Resumo: Dois dos grandes recortes do feminino na Antigüidade Clássica é a personagem Electra, juntamente com sua mãe Clitemnestra. O drama da jovem princesa, que corrói o dilema entre matar ou não a mãe, para se vingar da morte de seu pai Agamenon, aparece sob três principais versões: as tragédias Electra – de Sófocles; Electra – de Eurípides e a trilogia As Coéforas – de Ésquilo.
Neste trabalho, pretendemos, partindo das versões sofocliana e euripidiana do mito, estabelecer um contraponto entre dois valores muito fortes que movem as ações de Electra, no percurso do cumprimento de seu destino trágico: de um lado, o peso da moralidade, que a faz enxergar no assassinato um crime perverso e abominável, que se agrava quando cometido por uma mulher. De outro, os seus instintos latentes que a impulsionam a praticar a vingança. Partindo desta dialética, pretendemos refletir acerca do papel dos valores sociais e individuais na construção da mulher na Antigüidade.

Sessão de Comunicações 14: Estudos sociais latinos a partir de fontes literárias e iconográficas
08:00 – 09:30 – Sala: 409 – Bl. C
Coordenação: Prof.ª Kátia Teonia Costa de Azevedo

1. O estudo de Plínio, o jovem no Brasil
Daniel Aparecido de Souza (Graduando em História – UNESP)

Resumo: Plínio, o jovem é o autor de 10 livros de cartas privadas e protocolares, e do Panegírico de Trajano. Suas cartas retratam várias relações de trato entre os romanos e podem ser divididas, quanto a temática, em: vida pública (políticas, históricas, anedotas e centuviral, caracteres, obituários, patronato, advertências, domésticos (negócios e intimidade) e literários (cênico e cortesia). Desta forma, a presente comunicação tem o objetivo de apresentar as principais pesquisas realizadas nos últimos 30 anos sobre Plínio, o Jovem no Brasil e posteriormente, mostrar as possibilidades de objetos e abordagens possíveis para este rico conjunto de epístolas.

2. Algumas reflexões a cerca da relação homoafetiva no conto Garoto de Pérgamo do Satyricon
Prof.ª Katia Teonia Costa de Azevedo (UFF/UFRJ)

Resumo: No presente trabalho, propusemo-nos examinar a relação homoafetiva no episódio do Garoto de Pérgamo, que compreende os capítulos 85, 86 e 87 do Satyricon de Petrônio.
Observaremos a sexualidade como um conceito culturalmente construído e como se realiza sua representação no drama satírico.

3. Os Cativos de Plauto e a problemática escravista na Roma Antiga
Maria Íris Vieira Barcelos (Graduanda em História – UFRJ)

Resumo: No período arcaico (240-88 a.C.) da literatura latina vemos emergir a obra de Plauto. A obra plautina apresenta presença predominantemente popular, tendo os escravos papéis de destaque, extrema variedade de funções e características próprias. O objetivo deste artigo é apresentar a importância do escravo na sociedade romana bem como inferir as diversas representações sobre os escravos na Roma Antiga, através da análise do discurso plautino, que é de total relevância para a compreensão da sociedade romana, dando enfoque especial à obra Captivi (Os Cativos).

4. “Cave Canem”: a recepção das imagens na Antigüidade e na Contemporaneidade
Mateus Henriques Buffone (Graduando em História – UFRJ)

Resumo: O presente trabalho é um exemplo de como o acervo do Projeto Iconografia & História Antiga Clássica pode ser utilizado por pesquisadores de forma a fornecer uma documentação coesa de natureza iconográfica. Nesta comunicação, analisaremos um mosaico proveniente da entrada da Casa do Poeta Trágico em Pompéia. Esse mosaico tem representado um cachorro puxado pela coleira com os dentes à mostra em sinal de aviso para os que entram, mas simultaneamente, é carregado de um toque humorístico. A Epigrafia é presente nesse documento iconográfico através de uma inscrição que significa “cuidado com o cão”. Um episódio análogo pode ser observado no início da passagem XXIX da obra Satíricon de Petrônio, onde Encólpio, entrando na casa de Trimálquio, se assusta com a pintura de um cachorro no chão, contendo justamente a inscrição “cuidado com o cão”. Representações semelhantes ainda podem ser vistas na Contemporaneidade, através de placas de avisos contra cachorros, encontradas nos portões de diversas casas, muitas vezes também carregadas de um tom humorístico. Concluímos, portanto que as imagens na Antigüidade, assim como na Contemporaneidade, transmitem mensagens que são imediatamente entendidas pelos seus receptores, sendo a escrita usada como um complemento de sentido.

Sessão de Comunicações 15: Estudos sociais gregos a partir de fontes literárias
08:00 – 09:30 – Sala: 214 – Bl. C
Coordenação: Prof. Dr. André Alonso

1. Hesíodo e Homero: dois modelos de conduta e de enriquecimento
Prof. Dr. André Alonso (CEIA-UFF)

Resumo: Homero e Hesíodo apresentam visões diferentes da relação do homem consigo mesmo, com o outro e com o mundo. Sua concepção de sociedade e de valores comuns é, por conseguinte, também diversa. Surgem, assim, dois modelos distintos de vida, com conceitos bastante característicos de justiça, de solidariedade, de trabalho e de riqueza. A presente comunicação visa a estabelecer paralelos e divergências entre esses dois modos de vida, com especial atenção para o problema da aquisição de riquezas.

2. Drímaco de Quios: um exemplo das relações entre amos e escravos na Grécia Antiga
José Ernesto Moura Knust (Graduando em História – UFF/CEIA)

Resumo: Existiu por muito tempo na historiografia o mito do “bom” amo grego, fato que explicaria a ausência de rebeliões servis entre os escravos-mercadoria na Hélade, contrastando com as grandes guerras servis na no final da República Romana. Analisando as diferenças entre o escravismo romano e o grego, juntamente com as transformações deste ao longo dos séculos, pretendo explicar o teor das relações escravistas no mundo grego, bem como demonstrar porque a ação de resistência no caso grego diferia daquela existente entre os romanos, usando para isso alguns dos conceitos elaborados por João José Reis e Eduardo Silva para pensar a resistência de escravos no caso brasileiro, especialmente sob a forma de fugas. Como maior exemplo da aplicação de seus conceitos – “negociação”, “conflito”, “fuga para fora”, etc. – à minha análise, debruçar-me-ei sobre o caso de Drímaco de Quios, escravo fugitivo que liderou uma comunidade de escravos fugitivos como ele, narrado por Ninfodoro de Siracusa, citado por Ateneu no Banquete dos Sofistas.

3. Aspectos da Astúcia na Grécia Antiga
Lilian Amadei Sais (Graduanda em Letras Português/Grego – USP)

Resumo:  A comunicação pretende trazer um panorama da astúcia (mêtis) na Grécia Arcaica, analisando tanto o conceito de inteligência prática, como a deusa que este nome designa. Tal panorama será ilustrado a partir de trechos da Teogonia, de Hesíodo, e da Ilíada, de Homero.

4. A subserviência: uma das manifestações de Eros
Profª Drª Tânia Martins Santos Fernandes (UFRJ)

Resumo: O Banquete, de Xenofonte, retrata uma das mais representativas formas da sociabilidade grega na antiguidade clássica, o simpósio. Embora a diversidade temática seja uma característica marcante da obra, pode-se afirmar que o tema do amor ocupa posição relevante no diálogo e inspira pronunciamentos que trazem à tona reflexões acerca do homem e dos aspectos morais, sociais e políticos da sociedade grega da época. A partir da observação das cenas narradas no Simpósio, verifica-se que o prosador do século V, em passagens várias, faz menção à pederastia, delineando o perfil do erastés e do erómenos.
O presente trabalho visa a demonstrar como eras, esta poderosa força do desejo, estabelece uma relação de subserviência entre amante e amado.

Sessão de Comunicações 16: Política e participação no mundo antigo
09:30 – 11:00 – Sala: 307 – Bl. B
Coordenação: Prof. Ms. José Roberto de Paiva Gomes

1. O Império Romano entre o Pão e o Circo
Daniel Calixto dos Santos (Graduando em História – UERJ/NEA)

Resumo: Esta pesquisa tem como tema de abordagem O Império Romano entre o Pão e o Circo, o tema insere-se na perspectiva sociológica weberiana, colocando a história em contato com a sociologia. Consideramos que essa ciência esta voltada para a compreensão interpretativa da ação social, no caso aqui analisado o evergetismo, conceito trabalhado por Andrew Wallace que, nos fornece explicações sobre as motivações do agente social, Otávio César Augusto, identificado como princips, primeiro entre os cidadãos romanos, cuja denominação legítima se qualifica como dominação tradicional exercida no período I a.C., na região de Roma. Para tanto, utilizamos a documentação Res Gestae Div Auguste. Propomo-nos fazer uma analise comparativa entre traços identificados por nós como evergetismo encontrado em outros momentos históricos, assim como mostrar a semelhança do fenômeno do pão e circo com as políticas compensatórias da atualidade.

2. A questão da religião nas relações diplomáticas entre Roma e Cartago – 509 a.C.
Fabricio Nascimento de Moura (Graduando em História – UERJ/NEA)

Resumo: Esta comunicação tem como objetivo analisar a diplomacia Romana exercida pelos sacerdotes, a religião concebida para o bem do Estado e de suas interações, assim como o juramento de tratados, a questão dos sacrifícios e o teor simbólico dos deuses nas relações internacionais entre Roma e Cartago. A religião concebida para o bem do Estado e de suas interações.

3. A moeda de Júlia Prócula: mulher, poder e política na Roma Antiga
Prof. Ms. José Roberto de Paiva Gomes (História – UERJ/NEA)

Resumo: Trabalharemos o papel e o poder político de uma eminente mulher romana Júlia Prócula que viveu no séc. II d.C. Procuraremos abordar através de uma abordagem interdisciplinar entre a história e a numismática sobre o papel ativo e atuante da mulher na sociedade romana.

4. A política romana nas relações de poder com o Egito
Ronald Wilson Marques Rosa (Graduando em História – UERJ/NEA)

Resumo: Pretendemos, neste trabalho, fazer uma análise sobre a política romana dialogando com as relações de poder entre duas sociedades livres, tendo como principal fio condutor, o comercio, ou melhor, a atividade mercantil, realizada, principalmente, pelos publicanos. Nesta análise pretendemos não apenas visar os aspectos político e econômico, mas também, analisar os aspectos social e cultural, para tanto, estudamos as atividades de um publicano: Caio Rabirius Postumus, através do documento, na forma de discurso de Cícero proferido no Senado romano, através da análise deste documento, encontramos dados relevantes sobre a interação política e econômica entre Roma e o Egito e assim como a presença cultural egípcia na sociedade romana.

Sessão de Comunicações 17: Mito e religião na literatura grega
09:30 – 11:00 – Sala: 214 – Bl. C
Coordenação: Prof. Dr. Marcos José de Araújo Caldas

1. A ode a Dioniso na Antígona de Sófocles
Prof.ª Ms. Agatha Bacelar (Prof.ª Substituta de Língua e Literatura Grega/UFF)

Resumo:  O quinto estásimo da Antigona sofocliana (v. 1115-1154) constitui um hino dirigido a Dioniso, apresentando todas as convenções poéticas características do gênero: invocações, epítetos, genealogia, enumeração de locais de culto e de atributos, lembranças de atos de culto anteriores e, enfim, preces no momento presente. Nele, o coro suplica ao deus que vá a Tebas com seus “pés catárticos”, de modo a curar a “doença violenta” que arrebatou toda a cidade. Pela posição que ocupa no enredo da peça, tal ode é considerada um hypórkhema, um canto jubiloso que precede a catástrofe iminente, revelando, pois, ironicamente, o caráter efêmero, senão ilusório, da alegria expressa pelos anciãos de Tebas. Mas, o fato de esse hino ser também um hypórkhema teria necessariamente como conseqüência uma ruptura do princípio de reciprocidade que fundamenta a dinâmica desses cantos cultuais? Os acontecimentos funestos narrados nas cenas seguintes revelariam que a prece não foi atendida por Dioniso? Tebas permaneceria tomada pela “doença violenta”? O presente trabalho busca responder a essas questões através de uma análise que considera a ação performativa do coro nessa ode tanto no que se refere ao enredo da peça quanto em suas possíveis relações com as Grandes Dionisíacas.

2. O riso dos deuses: o trágico e o religioso no mito grego
Prof.ª Doutoranda Cristiane Almeida de Azevedo (PPG em Ciência da Religião – UFJF)

Resumo: No mito grego, o religioso revela-se através do convívio entre homens e deuses, do estar-junto contemplando as ações divinas no banquete festivo e sendo contemplado pelos deuses. A partir desse convívio, evidencia-se também a dimensão trágica dessa religião, pois faz parte da proximidade uma distância que nenhuma convivência pode superar: a mortalidade e fragilidade humana diante do mundo. O presente trabalho pretende pensar essa relação paradoxal, como reveladora do religioso e do trágico, seguindo o caminho traçado pelo filólogo e helenista Karl Kerényi. O autor aponta um elemento privilegiado para a percepção do religioso e do trágico presente no mito grego: o riso dos deuses. Para Kerényi, este riso transforma-se em um elemento religioso que deixa claro a proximidade e a distância entre homens e deuses.

3. O mito da anámnesis no diálogo Fédon
Prof.ª Izabela Bocayuva (UERJ/UNESA)

Resumo: Dando continuidade ao estudo dos mitos na obra de Platão, investigamos desta vez o mito da anámnesis no diálogo Fédon. Entendemos que este mito seja estruturante do pensamento platônico pois trata diretamente da possibilidade do conhecimento e assim também de como se desdobra o próprio acontecimento da realidade. Nesse diálogo, esse mito é considerado mais detalhadamente do que no diálogo Ménon, o que nos permite investigá-lo mais a fundo e sermos conduzidos até uma noção mais nítida – e não ingênua como costuma ser a visão dos manuais – de o que Platão possa entender pela dicotomia corpo/alma. Uma tal noção mais nítida nos deixará compreender também com mais maturidade quem é o filósofo para Platão. Esta compreensão, porém, só nos interessa se não for uma mera satisfação de um “curiosismo” sobre um pensamento antigo, mas sim um modo de ativarmos hoje mesmo nosso pensamento e orientarmos nossas atitudes para o exercício de nossa liberdade.

4. Influências de um Dioniso cretense na formação religiosa em Homero e na Tragédia
João Luiz Farah Rayol Fontoura (Mestrando em Filosofia – UFRJ)

Resumo: Em 1500 a.C. caiu a chamada Creta Minóica, um império marítimo anterior à formação da Grécia homérica, cedendo aos Micênicos, o povo cuja cultura está retratada na poesia homérica, o domínio regional. Estes absorveram dos minóicos muitos elementos, inclusive religiosos. Enquanto em Creta o deus chamado de Dioniso Cretense e sua mãe, relacionada à Grande Deusa Mãe dos frígios, eram representações antropomórficas de uma religião natural, os micênicos os fizeram partes de mitos de questões humanas ligadas à sua própria sociedade. Assim eles chegam a Homero e à Tragédia como modelos éticos de uma sociedade diferente da de sua origem. Porém, graças a trabalhos lingüísticos e arqueológicos dos séculos XIX e XX os elementos do mito antigo, assim como seus possíveis significados sociais originais, ainda são visíveis. Este trabalho utiliza como principal referência o estudo de Karl Kerényi a respeito das escavações nesta ilha.

Sessão de Comunicações 18: Epigrafia: sociedade e política
09:30 – 11:00 – Sala: 207 – Bl C
Coordenação: Prof.ª Dr.ª Norma Musco Mendes

1. Ordo Populusque Nucerinus. História, instituições e prosopografia de Nuceria romana
Prof.ª Dr.ª Maricí Martins Magalhães (LHIA-UFRJ)

Resumo: Projeto iniciado na Itália e finalizado no Brasil com o decisivo apoio da FAPERJ. A Epigrafia Latina como potencial de informações autônomo para o resgate da História Política e Social das colônias e municípios em época romana. Um exemplo disso é o trabalho desenvolvido nos anos anteriores com as coleções epigráficas dos territórios de Surrentum e Stabiae, e agora com a coletânea proveniente da colônia romana de Nuceria Constantia, na Itália Meridional: através do estudo da sua documentação lapidária foi possível montar um perfil da sua sociedade, desde a classe dirigente citadina até o chamado simplesmente populus. O trabalho será ilustrado com as inscrições que testemunham a presença de senadores, cavaleiros e magistrados no território.

2. As estratégias de intervenção no espaço e a construção da paisagem imperial na Lusitânia
Prof.ª Dr.ª Norma Musco Mendes (PPGHC/LHIA-UFRJ)

Resumo: O objetivo do presente projeto de pesquisa é investigar as especificidades da experiência imperialista romana, através de um estudo de caso: a Lusitânia. Os resultados até o momento obtidos têm demonstrado que o impacto da conquista é evidenciado pelas mudanças na paisagem do território, pela formação de uma paisagem híbrida materializada pela criação de novas formas de relações sociais. Estas novas práticas possibilitaram que as bases de poder e de status social fossem reproduzidas nas províncias de forma diversificada de acordo com as distinções sociais e regionais.
Problematizamos, portanto, as estratégias de intervenção -(retificação, ordenação, disciplinamento, exploração de recursos)- no espaço urbano e rural como discursos hegemônicos não verbais, mas constituídos por outros tipos de linguagens, tais como: hábitos e formas de vida. O estudo destas questões tem sido enriquecido pela confrontação entre os dados extraídos da documentação textual e aqueles obtidos pelas interpretações das inscrições epigráficas, realizadas pelos especialistas. Desta forma, podemos afirmar que o estudo da construção da paisagem imperial deve ser entendida como um mecanismo de dominação, mas também tática de resistência.

3. “O leão está de olho”: análise de um mosaico afro-romano
Prof.ª Dr.ª Regina Maria da Cunha Bustamante (PPGHC/LHIA-UFRJ)

Resumo: Para esta comunicação, optou-se por selecionar um mosaico que conjugasse imagem e inscrição epigráfica e abordasse a questão política. Assim, será analisado um mosaico datado do início do século III e encontrado em uma terma em Uzitta (atual Henchir el Makhceba, na Tunísia). Este mosaico teve como comanditário um membro da confraria dos Leontii, uma das associações típicas da África Romana que patrocinava e organizava os jogos nos anfiteatros. O oferecimento deste tipo de espetáculo constituía-se num importante elemento das relações políticas no mundo romano. A elite provincial financiava divertimentos públicos visando alcançar prestígio em sua comunidade, aceder a uma dignidade municipal e reafirmar sua pertença ao grupo governante através de sua munificência.

4. Ampliando horizontes: a contribuição da epigrafia para a quebra do paradigma de aculturação no conceito de romanização
Yuri Corrêa Araujo (Graduando em História – UFRJ/LHIA)

Resumo: Tradicionalmente o termo Romanização era utilizado para referir-se a uma adoção incondicional da cultura romana por parte dos povos conquistados por ela no processo de expansão. Tal visão legava ao indígena uma posição de passividade e ao mesmo tempo dava ao Império uma falsa idéia de homogeneidade.
Com as transformações ocorridas na própria epistemologia da história os pesquisadores passaram a questionar as noções de aculturação que marcaram os estudos sobre o Império Romano até meados da década de 70.
Recentemente, com a teoria Pós-Colonial, os estudos sobre culturas inseridas dentro de um contexto de dominação têm demonstrado que elas além de não terem sido extintas ainda floresceram. No caso do Império Romano a epigrafia tem dado grandes contribuições a esse respeito.
Tendo como foco de estudo o processo de interação das práticas religiosas na província da Lusitânia, a presente comunicação objetiva demonstrar as contribuições que a epigrafia têm dado para trazer até nós as diferentes respostas de indígenas e romanos frente à cultura um do outro.

Sessão de Comunicações 19: Espaço, sociedade e política na Grécia
09:30 – 11:00 – Sala: 409 – Bl. C
Coordenação: Prof. Ms. Manuel Rolph De Viveiros Cabeceiras

1. Calendário romano: identidade, poder e cultura, no Menologium Rusticum Colotianum
Airan dos Santos Borges (Graduanda em História – UFRJ/LHIA)

Resumo: Esta comunicação é fruto dos resultados parciais já obtidos pela pesquisa que venho realizando sob a orientação da Professora Doutora Norma Musco Mendes e co-orientação da Professora Doutora Maricí Magalhães.
Através dos estudos sobre a religião e do diálogo com a sociologia, sabemos que o calendário é um instrumento de organização do tempo e do ritmo de vida das pessoas de uma sociedade.
Partindo de um estudo intertextual, quer dizer, do cruzamento dos dados obtidos pela análise das inscrições do Menologium Rusticum Colotianum (datado de 31 d.C. e encontrado na região do Lácio) e da obra Os Fastos, de Ovídio, procuraremos compreender a função política e cultural da organização do calendário romano, ou seja, vendo- o como uma prática cultural própria de sociedades que atingiram um alto grau de complexidade e que vincula os vetores fundamentais do sistema de representações de sua identidade, no caso, a romana. Nesse sentido, sua organização, é entendida como uma garantia da manutenção da sociedade enquanto grupo, além de atualizar e legitimar suas estruturas de poder, expressando e enfeixando totalidades e globalizações ético-sociais já existentes.

2. Uso e organização do espaço em época Arcaica: uma proposta de estudo das colônias gregas da Magna Grécia e da Sicília
Christiane Teodoro Custodio (MAE/USP)

Resumo: A necessidade de dispersar sua população manteve-se quase que como uma constante na história grega. É possível observar diversos movimentos, em alguns aspectos, muito mais característicos de uma migração do que colonização propriamente. A fase considerada a mais importante da expansão grega ocorreu entre meados do século VII ao VI. Essa colonização empreendida a partir de meados do século VIII a.C. rumo ao Ocidente é o foco de nosso interesse. Neste período, muitas das comunidades helênicas situadas no Egeu ainda não estavam plenamente constituídas enquanto póleis; e, concomitantemente, muitas enfrentavam crises sociais, fossem comuns ao mundo grego, ou específicas de cada cidade. No período Arcaico (séculos VIII-VI a.C.), a estrutura social e econômica da Grécia, enfrentava diversas crises, relacionadas à questão da terra, a servidão por dívidas e o monopólio da aristocracia nas instituições políticas. É neste contexto que foram empreendidas as primeiras expedições colonizadoras. Isto posto, tentamos compreender a colonização como uma resposta às demandas desta sociedade. Podemos inferir que essas novas cidades enfrentaram problemas e tiveram de lidar com demandas específicas de forma original, o que resultou em criações políticas, institucionais e até mesmo materiais que, posteriormente, foram difundidas entre outras populações coloniais e também na Grécia Continental. Entendemos que tais fenômenos estão intrinsecamente ligados as fundações de cidades e, portanto, podemos analisá-los a partir do uso e organização do espaço empregados nestas colônias. Isto posto, nossa pesquisa insere-se na perspectiva geral de estudo dos ambientes construídos e de identificação das estruturas sociais neles materializadas.
Nosso objetivo é apresentar o potencial dos estudos sobre os espaços construídos como fonte para o conhecimento de uma sociedade; e, mais especificamente, para a compreensão das relações entre ambiente construído e sociedade na Grécia Antiga. Partimos do princípio que o ambiente construído, por incorporar elementos dos sistemas sociais, político, econômico, ideológico, e de se constituir em um instrumento da comunicação humana, é um registro da história das sociedades, é um artefato histórico. De sorte que tais estudos podem trazer à luz importantes questões acerca do contributo das colônias ocidentais para as metrópoles e ainda, na construção da identidade políade grega.

3. Os espartanos: indo-europeus ou “Bárbaros da Ásia” (?) – uma omissão historiográfica: originária de menosprezo racial (?)
José Luiz P. Rebelo (Graduando em História – UFF/CEIA)

Resumo: As informações sobre os espartanos, encontradas tanto em compêndios e enciclopédias quanto na bibliografia especializada, freqüentemente estabelecem para eles uma origem indo-européia. Os espartanos teriam sua ancestralidade nos dórios, {povo} que invadiu a Hélade e conquistou a maior parte do Peloponeso. Diminutas são as referências a participações de outros {povos} na composição étnica dos espartanos e omite-se relaciona-los aos {povos} “Bárbaros da Ásia”. Partindo dos relatos de Heródoto, em sua obra Histories, pretende-se analisar e discutir os indícios de contribuições dos “Bárbaros da Ásia” na etnicid

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