VII Jornada de Estudos da Antiguidade

Cartaz ceia padro7

Programação

DIA HORÁRIO LOCAL ATIVIDADE
30/05/20052ª feira 18:00h Auditório 218C – Instituto de Letras Conferência de Abertura:A Moeda e a Guerra na Antiguidade

Prof.a Dr.a Maria Beatriz Florenzano (USP)

31/05/20053ª feira 8:00h Sala 401-BSala 412-B

Sala 307-B

Sessão de Comunicação 1Sessão de Comunicação 2

Sessão de Comunicação 3

31/05/20053ª feira 10:00h Sala 401-BSala 412-B

Sala 307-B

Sessão de Comunicação 4Sessão de Comunicação 5

Sessão de Comunicação 6

31/05/20053ª feira 14:00h Auditório 218C – Instituto de Letras Mesa-Redonda: Escravidão: Historiografia, Ideologia, Instituições, Iconografia na RomaAntiga
31/05/20053ª feira 16:00h Auditório 218C – Instituto de Letras Conferência: Quando Atenasadoeceu: imagens da pólis clássica em criseProf. Dr. Henrique Cairus (Faculdade deLetras- UFRJ)
31/05/20053ª feira 18:00h Auditório 218C – Instituto de Letras Minicurso: Caracterização das personagens em diferentes gêneros literários da Literatura Clássica
01/06/2005 8:00h Sala 403-BSala 307-B Sessão de Comunicação 7Sessão de Comunicação 8
01/06/2005 10:00h Sala 403-BSala 307-B Sessão de Comunicação 9Sessão de Comunicação 10
01/06/2005 14:00h Auditório 218C – Instituto de Letras Mesa-Redonda: Arte, Culto e Liberdade
01/06/2005 16:00h Auditório 218C – Instituto de Letras Conferência: A Democracia Ateniense e seus Limites: Revisitando uma Pesquisa de Mestrado Quinze Anos DepoisProf. Dr. André Leonardo Chevitarese(LHIA/DH/UFRJ)
01/06/2005 18:00h Auditório 218C – Instituto de Letras Minicurso: Caracterização das personagens em diferentes gêneros literários da Literatura Clássica
02/06/2005 8:00h Sala 401-BSala 403-B Sessão de Comunicação 11Sessão de Comunicação 12
02/06/2005 10:00h Sala 401-BSala 403-B Sessão de Comunicação 13Sessão de Comunicação 14
02/06/2005 14:00h Auditório Florestan Fernandes – Bl. D Mesa-Redonda: A Guerra na Antiguidade: dos fatos aos textos
02/06/2005 16:00h Auditório Florestan Fernandes – Bl. D Conferência: Aspectos da guerra no jambo: elegia e lírica da Grécia arcaica.Prof.a Dr.a Paula Correa – USP
02/06/2005 18:00h Auditório Florestan Fernandes – Bl. D Minicurso: Caracterização das personagens em diferentes gêneros literários da Literatura Clássica

SEGUNDA-FEIRA – 30/05/2005

  • Conferência: Auditório 218C – Instituto de Letras – 18:00h

A Moeda e a Guerra na Antiguidade
Prof.a Dr.a Maria Beatriz Florenzano (USP)

Resumo: Todos sabemos que a moeda é um instrumento importante da troca entre os Homens. Entretanto, os tipos de trocas intermediadas pela moeda e os mecanismos por meio dos quais essas trocas ocorriam não são tão óbvios quando tratamos da Antiguidade. Nesta palestra, minha intenção é mostrar justamente como a moeda — pequeno disco metálico– teve um papel fundamental na manutenção dos esforços de guerra na Antiguidade e como a guerra, por sua vez, contribuiu para a difusão e maior aceitação desse instrumento específico da troca entre os Homens.

TERÇA-FEIRA – 31/05/2005

  • Sessões de Comunicação

Sessão de Comunicações 1 – 31/05/2005 – 8:00h – Sala 401- Bl. B
Coordenação: Prof. Dr. Marcos Caldas

1. A renovação tecnológica no campo militar sob a XVII dinastia (século XVI AC)
Marco Antônio Ferreira Coelho Mazzillo (Graduando – História – UFF)

Resumo: Com a ocupação parcial do Egito pelos hicsos, uma população que hoje se sabe ter sido fundamentalmente urbana e não pastoril proveniente da Palestina, os egípcios pela primeira vez equipararam-se à Ásia Ocidental no relativo à tecnologia do auge da Era do Bronze. Aqui nos interessará especificamente a tecnologia militar. Para começar, foi a época da constituição no Egito de um verdadeiro exército permanente e de uma frota de guerra profissional destinada principalmente ao transporte de tropas. A tecnologia de guerra da época tinha como elementos centrais o carro puxado por cavalos e o arco composto. A Comunicação, utilizando o material documental disponível, tratará de abordar o efeito conjunto das inovações então introduzidas.

2. Religião e Guerra no Egito Faraônico
Taiany Bittencourt Calazans Vaz (Graduanda – História –UFF)

Resumo: Religião e guerra vinculavam-se de diversos modos no antigo Egito. Esta comunicação tratará de algumas das formas em que tal ligação se estabelece, baseando-se, para tal, em fontes primárias e na bibliografia disponível: 1) Oração privada ao deus da guerra do nomo tebano, Montu, antes de um combate importante realizado fora do Egito (Conto de Sanehet); 2) Ritualização da declaração de guerra contra os Hicsos e posteriormente da celebração da vitória (Estelas do faraó Kamés em Karnak); 3) Apelo a Amon-Rá em momento difícil da batalha de Kadesh contra os Hititas e seus aliados pelo faraó Ramsés II, logo atendido (Inscrições de Kadesh). Por meio desses exemplos, procurar-se-á aquilatar a importância do recurso à religião quando dos conflitos.

3. Intervenção estatal no urbanismo egípcio: Reino Novo (séculos XVI a XI AC)
Fernanda dos Anjos Pimenta (Graduanda – História –UFF)

Resumo: Existem teorias, difíceis de provar, de uma intervenção faraônica no desenho do espaço do país: rede urbana, atividades rurais de abastecimento à volta das cidades, outras atividades mais longe destas. Não há dúvidas, porém, sobre uma intervenção estatal intensa, sobretudo no caso dos longos reinados, tanto nas construções e ampliações de santuários, quanto no planejamento urbano. Esta comunicação estudará as modalidades de tal intervenção, no que tange às cidades, estabelecendo diferentes casos: construção de novas cidades, como as “Residências” ou capitais régias e as cidades vinculadas à colonização da Núbia; remanejamento urbano, profundo, por exemplo, em Tebas; estabelecimento das impropriamente chamadas “cidades operárias”, isto é, povoados amuralhados destinados aos construtores das tumbas dos faraós e da corte faraônica.

4. Práticas Funerárias, Memória e Poder.
Maria Thereza David João (Graduanda – História –UFPR)

Resumo: Através de estelas funerárias provenientes da região de Abidos (Médio Império – XII e XIII dinastias), importante centro de peregrinação no Egito antigo, procurar-se-á demonstrar que, para além de uma dimensão religiosa – qual seja, promover a participação do morto nas festas osiríacas anuais e, por conseguinte, nos mistérios de Osíris –, tais objetos possuem também uma dimensão política. Uma vez que as festas de Osíris, em Abidos, estavam incluídas nas cerimônias de renovação anuais, decisivas para o restabelecimento e continuidade de Maat, pretende-se demonstrar que a crença em um mundo dos mortos está vinculada a uma estrutura de poder. O objetivo, então, é o de provar que as estelas de Abidos, ao preservarem a memória social e individual de membros de uma elite, corroboram para a manutenção do status quo, e afirmam a posição desta como auxiliar do faraó na manutenção da ordem.

Sessão de Comunicações 2 – 31/05/2005 – 8:00h – Sala 412- Bl. B
Coordenação: Prof. Dr. Syllas Mendes David

1. A areté guerreira nas elegias de Tirteu
Profa. Dra. Glória Braga Onelley (Instituto de Letras – UFF)

Resumo: Fragmentos elegíacos de Tirteu, poeta espartano da segunda metade do século VII a. C. e fiel intérprete do ethos dórico, veiculam a idéia de que a guerra é uma atividade nobre, sendo ela o lugar ideal onde o cidadão, lutando com bravura até a morte, a serviço da cidade, alcança a glória imorredoura. Buscamos, no presente trabalho, examinar, com base na tradução de fragmentos tirteicos, a concepção de andréia como o principal caminho que conduz à excelência humana.

2. A construção da identidade grega e as guerras medo-pérsicas
Tatiana Oliveira Ribeiro (Mestranda em Letras Clássicas – UFRJ)

Resumo: A comunicação pretende oferecer subsídios para o estudo contrastivo de dois projetos convergentes e coevos de construção discursiva da identidade grega, a saber, aqueles presentes em Os persas, de Ésquilo, e nas Histórias, de Heródoto. Procurar-se-á mapear os parâmetros reconhecíveis nesses discursos fundadores de fronteiras étnicas.

3. Guerra e liberdade nos epinícios de Píndaro
Profª Drª Shirley Fátima Gomes de A. Peçanha (UFRJ)

Resumo: Embora os epinícios sejam destinados a celebrar mormente as vitórias desportivas alcançadas nos jogos pan-helênicos, realizados no século V a.C., e fossem executados em momentos de paz e tranqüilidade civil, importantes fatos políticos, ocorridos nessa época, são mencionados pelo poeta. Nessa comunicação serão examinadas algumas passagens dos epinícios reveladoras da influência do contexto político na elaboração dos versos de Píndaro.

4. O cliens em Marcial – escravidão ou liberdade?
Leni Ribeiro Leite (Doutoranda em Letras Clássicas – UFRJ)

Resumo: Nesta comunicação, o tema do patronato na obra de Marcial será abordado através da figura do cliens – um homem livre que, no entanto, carrega pesados fardos de obrigações para com seu patronus. Serão trazidos como exemplos alguns epigramas de Marcial onde o autor se põe na figura de um cliens, cujos deveres da salutatio, da adulação e da presença a aparições públicas de patroni nem sempre dignos de tal nome são considerados piores do que a escravidão ou a mendicância. Buscamos apresentar um questionamento acerca da visão de Marcial acerca do patronato e da aristocracia imperial de sua época, com base numa comparação das figuras do cliente e do escravo em sua obra.

Sessão de Comunicações 3 – 31/05/2005 – 8:00h – Sala 307- Bl. B
Coordenação: Prof. Ms. Filippo Olivier

1. As Guerras Púnicas e os Flavianos: uma análise da épica de Sílio Itálico
Prof. Ms. Sergio Fernandes Alois Schermann (UFRJ)

Resumo: A concepção ética do herói da Eneida, que encarnava em si o destino de todo seu povo, já foi objeto de muitos estudos, enquanto que as epopéias do período flaviano, alvo durante muito tempo de um desprezo imerecido da crítica, eram analisadas de acordo com o paradigma virgiliano. Por outro lado, parece-nos claro que as reminiscências da Eneida devem ser vistas antes como uma homenagem literária do que como prova de uma longa permanência do universo moral de Virgílio. O nosso objetivo, portanto, é procurar analisar alguns conceitos que caracterizam o herói épico, como pietas, gloria, uirtus, clementia e moderatio, e tentar perceber as transformações pelas quais eles passaram na epopéia de Silio Itálico. Tal percurso nos permitirá não somente apreender as especificidades do período flaviano, mas também entender porque foi esta uma época tão pródiga em grandes epopéias.

2. Os Bretwaldas na época da heptarquia anglo-saxã: uma reminiscência da Britannia romana?
Renato Rodrigues da Silva (Graduando – História – UFF)

Resumo: Com base na Crônica anglo-saxã e na História eclesiástica de Beda, esta comunicação discutirá o contraste entre os numerosos reinos anglo-saxões dos séculos V ao VII e o elemento de unidade que constituía a concepção de Bretwalda ou rei superior, aparentemente atribuída a sucessivas monarcas (isto é, só havia um Bretwalda em cada ocasião.) Existem diversas hipóteses acerca desta posição eminente, mas não claramente institucionalizada: uma delas supõe implicar à recordação de que, sob o domínio romano, a maior parte da Grã-Bretanha esteve sob regime único. A favor desta opinião está o fato de que o Bretwalda era considerado um rei dos bretões ou da Britannia, sem que o título se referisse aos anglo-saxões.

3. Ênio no Campo de Batalha: A Trama de Sílio Itálico (Púnica XII, 387-419)
Prof. Everton Natividade (UFMG)

Resumo: No canto XII do seu poema épico, Púnica, uma narrativa da segunda das guerras romanas contra Cartago, Sílio Itálico entrança uma cena de batalha em que dialogam duas personagens: Ênio, o poeta “de versos eternos”, e Apolo, o deus condutor das Musas e inspirador dos vates. No canto I, a proposição previra o urdume de tramas (ordior arma) na construção dessa epopéia de fundo histórico. Concerne a este trabalho essa estriga (XII, 387-419) na roca da proposição (I, 1-20) nos hexâmetros do fiandeiro pós-virgiliano.

3. O papel dos druidas nas guerras dos celtas
Filippo Lourenço Olivieri (Doutorando em História – UFF)

Resumo: Segundo Júlio César, os druidas estavam isentos de ir à guerra. Diodorus e Estrabão, por sua vez, relatam que os druidas podiam intervir quando dois exércitos estavam prestes a se enfrentar. Contudo, nos relatos cesarianos, o druida Diviciacus, num dado momento, comandou um corpo de cavalaria dos éduos. Nos textos mitológicos da Irlanda, os druidas têm uma função na guerra. Essa função não é uma contradição em relação com o que nos informa César. Através dessas e de outras fontes, pretendemos delinear o papel dos druidas nas guerras dos celtas. Para os celtas, a guerra tinha uma importância capital, e os druidas não estavam alheios a esse fenômeno.

Sessão de Comunicações 4 – 31/05/2005 – 10:00h – Sala 401 — Bl. B
Coordenação:Profa. Dra. Sônia Regina Rebel de Araújo

1. Análises Modernas em Antigos Artefatos: O Exemplo de um Cão Egípcio-Romano em Terracota
Moacir Elias Santos e Liliane Cristina Coelho (Departamento de História – UNIANDRADE)

Resumo: Em um projeto de pesquisa intitulado “Cultura Material do Antigo Egito”, objetiva-se o estudo de artefatos arqueológicos isolados provenientes de coleções particulares. Nesses estudos, estão inclusos diversos aspectos, tais como: descrição do objeto, matérias-primas, técnicas de confecção, e seu emprego na antiga sociedade egípcia, avaliado sob múltiplas formas. O contexto dos objetos, inexistente na maioria dos casos, é parcialmente recuperado através de analogias com outras peças semelhantes, que provém de escavações arqueológicas sistemáticas. Nessa comunicação, analisa-se uma estatueta incompleta de um cão egípcio-romano, que pôde ser datado, através de seu estilo, entre os séculos I a.C. até I d.C.. Esse objeto foi recebido como doação e atualmente integra o acervo do Museu de Arqueologia, em Ponta Grossa. Para que os objetivos dessa pesquisa fossem atingidos, utilizaram-se diversas técnicas, dentre as quais as macroscópicas, as microscópicas, através de lupa eletrônica, e também a tomografia, com reconstituição em 3D, que possibilitaram um maior entendimento sobre o referido objeto.

2. O status do guerreiro no “Ibérico Antigo”: distinção social nas necrópoles do Nordeste
Profa. Jeanne Cristina Menezes Crespo (Mestranda em História – UFF)

Resumo: Estaremos trabalhando com a Cultura Ibérica presente na região do Ampurdán, Nordeste da Catalunha, Espanha. O período temporal compreendido entre os sécs. VI e V a.C. é classificado enquanto Período Ibérico Antigo, cujas populações ibéricas do Ampurdán caracterizavam-se por sociedades aristocráticas, onde as elites guerreiras desempenhavam papel de destaque na estrutura social. Dessa forma, partindo do pressuposto de que o que acontece nas necrópoles pode ser um reflexo do que ocorre nas cidades dos vivos, nossa proposta na presente comunicação é de trabalhar com alguns tipos de enterramentos datados do séc. VI a.C., encontrados na Necrópole da Muralha Nordeste (Ampúrias), a fim de verificarmos a constituição do mobiliário funerário de tumbas atribuídas a guerreiros.Procuramos, com isso, realizar inferências acerca da importância dessa personagem no cenário da Cultura Ibérica.

3. Entre a cidade e a família: os memoriais de Dexileo no Cerâmico de Atenas
Paula Falcão Argôlo (MAE/USP)

Resumo: Em 394 a.C., cinco componentes da cavalaria ateniense morreram a serviço de sua pólis durante uma das batalhas do conflito conhecido como “Guerra de Corinto” (395-387 a.C.). Entre os mortos, o jovem Dexileo do demo de Tórico. Seguindo a tradição do pátrios nómos, os cinco combatentes tiveram seus corpos repatriados e, em Atenas, receberam honras especiais às custas do tesouro ateniense: sepultamento em tumba comum situada no Demósion Sema, área destinada aos funerais públicos. Dois aspectos, contudo, fazem com que voltemos nossa atenção para Dexileo. Primeiro, o jovem é objeto da única ocorrência conhecida até o momento de dupla comemoração de um indivíduo em contexto funerário ático do período. Além de celebrado no Demósion Sema, um cenotáfio em sua homenagem foi erigido no lado S da chamada “Rua das Tumbas”, área de maior concentração de sepultamentos privados no Cerâmico do século IV a.C. O segundo aspecto concerne a alguns atributos formais do referido cenotáfio que destoam do padrão corrente dos demais períbolos da mesma área. Nesta comunicação, pretendemos examinar dados dos dois contextos de comemoração de Dexileo com a finalidade de compreender as motivações subjacentes a esta dupla celebração e as especificidades do memorial em questão.

4. As vias de uso da cidade pelas camadas populares da cidade de Pompéia
Prof.a Ms. Tatiana Carneiro dos Reis (Doutoranda em História – PPGH/UFF)

Resumo: A presente comunicação vem a ser a apresentação de uma proposta para minha pesquisa de doutorado. Refere-se aos diversos usos da cidade de Pompéia pelas camadas populares através de várias vias. Fui informada que há uma hipótese recente quanto à localização dos soldados veteranos de Sila em área próxima a construção do anfiteatro da cidade. Aparentemente foram-lhes dadas casas populares além de um pedaço de terra para cultivarem. Há estudos também ligados ao uso do tempo da cidade antiga por parte da elite romana , que seria interessante gostaria trabalhar referindo-nos a plebe urbana. Outrossim, são os jogos realizados no anfiteatro e para onde seguem os gladiadores vindos de outro ponto da cidade onde se realizavam seus votos e se preparam para lutar. Tudo isto além de uma documentação epigráfica que registra o cotidiano dessa sociedade desperta o interesse em registrar o movimento dessa população variada e o uso do espaço urbano.

Sessão de Comunicações 5 – 31/05/2005 – 10:00h – Sala 412 – Bl. B
Coordenação: Prof. Dr. Fernando Muniz

1. A Concepção de Ser no Poema de Parmênides
Carlos Augusto M. Maia (Letras- UFF)

Resumo: O Poema de Parmênides estabelece dois caminhos de investigação, o que é e o que não é e alguns exegetas atribuem ao ver ser, em tais expressões, o valor existencial. Contudo, Charles Kahn, malgrado reconheça uma proximidade lógica entre o sentido existencial e o veritativo, não considera que a preocupação mais fundamental de Parmênides seja com a existência do ente (embora esta esteja presente no argumento), mas sim, com o conhecimento do que é o caso. Sendo assim, a presente comunicação, tomando por base artigos de Kahn, mormente, Ser em Parmênides e em Platão, visa a analisar a explicação que o mencionado autor desenvolveu acerca do verbo ser e do conceito de Ser no Poema de Parmênides.

2. As Infrações Primordiais: Os Mitos de Prometeu e Pandora
Talita Nunes Silva (Graduanda – História – UFF)

Resumo: Nos poemas de Hesíodo, a Teogonia e os Trabalhos e os Dias, acham-se dois mitos que convém analisar em paralelo, aqueles referentes a Prometeu, espécie de infrator masculino primordial, e Pandora, um “Presente de Grego” dos deuses aos homens devido aos desafios humanos às divindades. Nessa comunicação estudaremos em paralelo ambos os mitos, numa oposição masculino – feminino no contexto da construção grega dos gêneros, acreditando que tal estudo integrado permitirá, ao mesmo tempo, um melhor entendimento dos mitos em questão.

3. Cometer uma hýbris por “falar de modo demasiado livre”– Sófocles, Ájax, vv. 1226-315
Agatha Bacelar (Mestre em Letras Clássicas – PPGLC/UFRJ)

Resumo: Na Atenas clássica, a eleuthería é um princípio fundamental à idéia de democracia. É precisamente a partir do conceito de “liberdade” que os gregos em geral, e os atenienses em particular, estabelecem a antítese entre a polis democrática e o regime monárquico. O conceito torna-se, portanto, uma das principais ferramentas na distinção entre gregos e bárbaros. A articulação da eleuthería e os valores a ela adjacentes pode ser verificada nos versos 1226 a 1315 do Ájax de Sófocles. Tais versos fazem parte do debate entre Teucro e Agamêmnon acerca do sepultamento do herói, debate em que o Átrida acusa o irmão de Ájax de cometer hýbris por exeleutherostomêin, “falar de modo demasiado livre” (v. 1258). A essa censura, acrescentam-se diversas acusações de origem bárbara, tanto da parte de Agamêmnon quanto da de Teucro. Nessa comunicação, pretendo demonstrar as implicações de tais acusações para o significado da figura do chefe dos argivos nesse episódio do drama sofocliano.

4. As imagens na Grécia Antiga
Wagner Trindade – Graduando em Letras- UFF

Resumo: O presente trabalho trata do surgimento da noção de imagem na Grécia Antiga. Adotaremos para isso as análises de Jean-Pierre Vernant que englobam a investigação dos fatores psicológicos e mentais que envolvem as representações figuradas na civilização grega. De acordo com Vernant, a noção propriamente dita de ‘imagem’ se caracteriza como uma categoria histórica, um conjunto de transformações culturais que supõe uma série de noções já previamente definidas socialmente, e não um dado espontâneo da vida cultural grega. É fruto de uma elaboração, de um esforço de concepção. Como resultado desse esforço, somente a partir do século VII a.C. foi possível o reconhecimento de formas de figuração. Assim, até o seu pleno estabelecimento, entre os séculos V e IV a.C., com a teoria platônica da mímesis, o conceito de imagem passou por uma série de modificações, que permitiram a Platão caracterizá-la como um “simulacro” imitativo da aparência externa das coisas reais.A comunicação, portanto, tratará dessa pequena história da imagem.

Sessão de Comunicações 6 – 31/05/2005 – 10:00h – Sala 307- Bl. B
Coordenação: Prof. Dr. Marcos Caldas

1. A Ágora e a vida cívica de Atenas
Felipe Frias Mello (Graduação em História – UFF)

Resumo: De início, nas cidades gregas, a Agora, como a palavra indica (lugar de reunião); era um descampado onde, ocasionalmente, realizavam-se reuniões de tipo político. Com o tempo, no entanto, sobretudo em grandes cidades como Atenas, transformou-se num espaço multi-funcional, contendo lojas, templos e outros edifícios públicos; embora permanecesse lugar de reunião e conservasse prestígio político, sendo o também o centro da vida social masculina. Em Atenas, o local de reunião do órgão central da democracia – A Eclésia – deixou a agora para localizar-se numa colina, a Pnyx. Entretanto, em certas ocasiões – por exemplo, quando da cotação do ostracismo – que exigia um quorum mais alto que o habitual, A Assembléia popular continuava a reunir-se na Agora tanto por seu espaço maior, quanto pelo prestígio vinculado ao que se continuava considerando o centro da cidade baixa (ásty). A Arqueologia e textos antigos comprovam a importância que manteve a Ágora na topografia cívica de Atenas.

2. Teatro e Democracia na Atenas do Vo século a.C.
Mariana Bruce Ganem Baptista (Graduanda em História – UFF)

Resumo: Partiremos nesta comunicação de uma idéia do historiador P.Vidal-Naquet: embora em ambos os casos a vinculação entre a democracia direta de Atenas e o teatro seja um dado seguro, por um lado a comédia pode pôr em cena a democracia e suas instituições num sentido crítico, por outro a tragédia não o faz, sendo sua ligação com a democracia bem mais genérica e indireta. Procuraremos explorar esta noção tomando como fontes uma comédia de Aristófanes, Lisístrata, e uma tragédia de Sófocles, Antígona. Verificar-se-á de tal modo ser válida a oposição feita por Vidal-Naquet (que no entanto, não utiliza profundamente tais obras em seu texto).

3. Política e tragédia grega: possibilidades e limites da análise do discurso político
Guilherme Moerbeck (Mestrando em História – UFF)

Resumo: A utilização das tragédias e comédias do período clássico grego é, há muito tempo, foco das atenções de pesquisadores de diversas áreas. Pode-se dizer o mesmo do debate acerca dos limites e perspectivas que estes textos nos oferecem no campo da pesquisa histórica. Uma das questões mais debatidas é a possibilidade de, a partir destes textos poéticos, fazer-se deduções acerca da realidade política da época referida. O intuito deste trabalho é refletir acerca de um debate historiográfico entre as posições de Pierre Vidal-Naquet, Julián Gallego e Justina Gregory, cuja discussão versa sobre a análise política da tragédia grega. A partir disso, trataremos do caso da Electra de Sófocles e Eurípides segundo a análise do discurso político, formulada por Christian Le Bart.

4. A poesia de Safo na tradução de Augusto de Campos
Alex Laurentino (Graduando em Letras- UFF)

Resumo: Esta Comunicação se propõe a estudar a obra da poetisa Grega Safo de Lesbos. Toma-se entretanto, como ponto de partida, a tradução feita por Augusto de Campos de um fragmento daquela. Far-se-á para isso um levantamento dos recursos e técnicas empregados pela poetisa grega em sua lírica, assim como do momento histórico e das condições sociais no qual a sua obra foi escrita, repetindo-se o processo no que se refere ao poeta brasileiro. A partir dessa estrutura, destacaremos alguns processos empregados na tradução deste fragmento de Safo por Augusto de Campos.

  • Mesa Redonda

Escravidão: Historiografia, Ideologia, Instituições, Iconografia na Roma Antiga – 14 h – Auditório 218C
Coordenação: Prof.a Dr.a Sonia Regina Rebel de Araújo

1. A escravidão na história: a historiografia soviética
Prof. Dr. Jorge Mario Davidson (CEIA-UFF)

Resumo: O objetivo da nossa comunicação é refletir a respeito das diversas abordagens historiográficas ao tema da escravidão. O olhar da história acerca da escravidão foi sofrendo diversas mudanças ao longo do tempo, influenciadas tanto pelos desenvolvimentos teóricos das diversas correntes historiográficas como pelas diversas conjunturas sociais e políticas. Na procura de observar isto, analisaremos o caso da abordagem que a historiografia soviética deu ao tema.

2. Senhores e escravos na sociedade romana: uma análise sobre a ideologia escravista a partir dos Anais de Tácito
Profa. Dra.Sônia Regina Rebel de Araújo CEIA-UFF

Resumo: A presente comunicação pretende analisar a ideologia escravista romana, no início do período imperial, através do estudo dos Anais, L. XV, cap. 42-45, de Tácito. A hipótese central é a de que tal ideologia é necessariamente ambígua, visto que escravos inspiravam, ao mesmo tempo, medo e desprezo. A análise da narrativa do assassinato do Prefeito de Roma no período neroniano, Pedânio Segundo, por um de seus escravos, assim como das reações de diversos segmentos sociais – nomeadamente, os senadores romanos que discutiram a aplicação da Lei de Augusto referente ao castigo da familia em uma domus onde o amo foi golpeado de morte por um escravo, e da plebe romana que se opôs a tal castigo – é um locus perfeito para esse estudo pois dá ensejo a uma ampla discussão sobre a visão de mundo dos letrados e das camadas dirigentes romanas.

3. Res mobilis: o escravo no tribunal da República romana tardia
Prof.a Dr.a Claudia Beltrão da Rosa UNIRIO/ CEIA-UFF

Resumo: No Direito Romano, o escravo está ligado aos outros bens do patrimônio; é definido como res mobilis e não se distingue de sua capacidade de trabalho. Apesar de toda a diversidade encontrada no mundo romano, nas formas variadas e concretas de utilização dos escravos, a cultura jurídica criava uma unidade dentre todos, em sua definição, revelada com clareza nos tribunais. Usaremos o discurso judicial Pro Roscio Comoedo, de Cícero, como um exemplum do modo como o escravo era visto pela cultura jurídica romana. Os discursos ciceronianos são, de certo modos, documentos insuperáveis da praxis jurídica na República tardia, permitindo uma boa via de acesso para o estudo das instituições romanas, pois neles podemos ver a narração daquilo que a representação jurídica posterior nos apresenta em sua capacidade normativa.

4. Feras na arena do anfiteatro: venationis de Roma a Cartago
Prof.a Dr.a Regina Maria da Cunha Bustamante (LHIA/PPGHC/UFRJ)

Resumo: Fontes escritas do Alto Império, como Res Gestae Diui Augusti IV, 22, Vida de Tibério7 por Suetônio e História Romana LXV, 25-26 de Dião Cássio, relatam a mortandade de milhares de bestas em venationis (caçadas) oferecidas pelos imperadores. Longe de serem limitados a Roma, estes espetáculos eram celebrados em todo Império, patrocinados pelas elites locais. Para esta comunicação, selecionou-se um mosaico, proveniente das proximidades de Cartago e datado do séc. IV, que contém imagens de diversas espécies de feras, algumas das quais tiveram seu número especificado e certos animais foram nomeados, além da inscrição Mel[ior] quaestura, expressão da satisfação pelo espetáculo ofertado. Comparando os textos escritos com o imagético, objetiva-se compreender a dinâmica das relações de poder, o jogo das permanências e mudanças sócio-culturais na Africa Proconsularis daquele período.

  • Conferência: Auditório Florestan Fernandes – Bl. D – 16:00h

Aspectos da guerra no jambo: elegia e lírica da Grécia arcaica
Prof.a Dr.a Paula Correa – USP

Resumo: Através do exame de uma seleção de fragmentos da poesia lírica, jâmbica e elegíaca da Grécia arcaica, observaremos em que medida as diversas representações da guerra e do guerreiro se devem aos períodos e às regiões distintas em que os poemas foram compostos, às diferentes determinações de cada um desses gêneros (ou sub-gêneros), e às ocasiões de performance e funções específicas dos poemas.

  • Minicurso: 18h – Auditório 218C – Instituto de Letras

Caracterização das personagens em diferentes gêneros literários da Literatura Clássica
Profa. Dr.a Silvia Damasceno – As personagens da tragédia e da comédia ateniense

O mini-curso visa evidenciar, na construção de personagens, os meios utilizados pelo poeta para criá-las semelhantes a seres humanos, de acordo com leis internas que regem o próprio texto.

QUARTA-FEIRA – 01/06/2005

Sessão de Comunicações 7 – 01/06/2005 – 8:00h – Sala 403 – Bl. B
Coordenação: Profa. Ms. Márcia Santos Lemos

1. Paganismo Renovado x Cristianismo: As Relações de Juliano, O Apostata, com Antioquia
Pablo Ramos de Azevedo (Graduando em História – UFF)

Resumo: Um dos episódios mais citados do conflito entre o Imperador Juliano (360-363) – sobrinho de Constantino, O Grande – e os cristãos, foi a repressão feroz que infligiu aos cristãos de Dafne (um subúrbio de Antioquia), pós o incêndio do tempo local consagrado Apolo – por ele identificado ao deus solar de sua preferência: Hélios. Analisaremos uma passagem da obra de Juliano, O Misopogon,violenta diatribe dirigido pelo Imperador aos habitantes de Antioquia. Na passagem em questão, Juliano se refere ao festival de Apolo no templo de Dafne, a tal ponto negligenciado pelo público que a única oferenda ao deus em sua festa foi um ganso trazido de sua casa pelo sacerdote local. Sabe-se que, como a maior parte do Oriente romano altamente urbanizado, Antioquia já era maciçamente cristã em meados do séc. IV. Que chances poderia ter, em tal ambiente, a tentativa de restauração pagã de Juliano, mesmo no caso de não ter sido seu reinado tão efêmero como foi?

2. As práticas culturais dos pagãos e a construção da identidade cristã no discurso agostiniano entre os séculos IV e V d.C.
Márcia Santos Lemos (Departamento de História da UESB – Doutoranda de História da UFF)

Resumo: Neste trabalho, objetivamos demonstrar que o discurso desenvolvido por Agostinho de Hipona, na Cidade de Deus, forneceu importantes elementos para o processo de afirmação da identidade cristã e esboçou a necessidade de reordenar a “cidade do mundo” – neste caso, o Império Romano Ocidental – em função dos valores cristãos. Com este propósito, buscamos, em primeiro lugar, refletir sobre a relação entre o sagrado e o secular, religião e cultura na Cristandade Ocidental da Antiguidade tardia, no intuito de evidenciar o imbricamento entre as transformações religiosas, políticas e sociais. Em um segundo momento, discutimos a construção da identidade cristã na tradição textual dos séculos IV e V. E, por fim, passamos a análise das redes isotópicas elaboradas a partir do texto agostiniano, com o fito de mostrar como o bispo de Hipona, ao refutar as práticas não cristãs, firmou uma alteridade a ser combatida, reprimida e reformulada.

3. Reflexão em torno da memória da infância de Jesus de Nazaré
Diádiney Helena de Almeida (LHIA/IFCS/UFRJ)

Resumo: Pretende-se, nesta comunicação, analisar sob o ponto de vista histórico, as narrativas do nascimento e infância de Jesus de Nazaré. Busca-se verificar os indícios de uma tradição oral que está presente nos Evangelhos de Mateus e Lucas, e que se encontra mais desenvolvido em uma literatura posterior ao primeiro século. A abordagem desta comunicação usa como ponto de partida o questionamento do conceito de tradição utilizado amplamente entre os estudiosos. Entende-se que os relatos que envolvem os primeiros anos de vida de Jesus de Nazaré, devem ser melhor compreendidos se vistos como esquemas literários que refletem uma memória recriada dos fatos. Essa reflexão está baseada em um entendimento das narrativas que considere seu contexto sócio-político e cultural.

Mesa de Comunicações 8 – 01/06/2005 – 8:00h – Sala 307 – Bl. B
Coordenação: Prof.a Dr.a Claudia Beltrão da Rosa

1. A Revolta Macabéia e a Ideologia do Poder
Rosana Marins dos Santos Silva (Mestranda em História Comparada – UFRJ)

Resumo: Muito se tem escrito sobre a guerra dos macabeus por ocasião do domínio dos selêucidas sobre os judeus. Da mesma forma, várias justificativas têm sido dadas às possíveis causas para esta revolta. Contudo, o objetivo desta pesquisa é mostrar um novo ponto de vista a respeito dos eventos ocorridos em 167 a.C a partir de uma análise literária do discurso encontrado nas narrativas de Josefo, Antigüidades e Guerras Judaicas, e nos livros de 1 e 2 Macabeus. O propósito é tentar estabelecer causas políticas, econômicas e sociais para esta insurreição ao contrário de uma causa estritamente religiosa como tem sido publicado desde há muito pelas fontes historiográficas oficiais.

2. Vercingetórix: um caso de identidade étnica Celta?
Luiz Gustavo Reis Rodrigues (Graduando em História – UFF)

Resumo: Há grande discussão acerca de existirem ou não Estados celtas na Gália à época da conquista romana. Dados arqueológicos como a emissão de moedas e espaços fortificados cuja organização já parece urbana falam a favor, pelo menos, de Estados em processo de formação, coexistindo com tribos e confederações tribais. A opinião que se tiver sobre este assunto influirá fortemente naquela relativa ao tipo de identidade que revela a resistência anti-romana de Vercingetórix. Esta comunicação tem como objetivo a discussão deste tema com base em fontes escritas, dados arqueológicos e bibliografia.

3. Romanização: um estudo de caso – A revolta de Boudicca na Britânia Romana
Bernardo Luiz Martins Milazzo (Graduando em História – UNIRIO)

Resumo: O presente trabalho de pesquisa analisa em linhas gerais os meios e estratégias de intervenção romana no espaço geográfico que hoje constitui a Inglaterra, outrora denominada Britannia. Como exemplo de resistência dentro desse processo de romanização, foi escolhido o caso da Revolta de Boudicca, no primeiro século da nossa era, durante o Império Romano. Para fundamentar e auxiliar essa pesquisa, foi escolhida como fonte principal a obra Annales – livro XIV, cap. 29-37 -, de Tácito, concedendo especial atenção aos discursos de Boudicca e Suetonius. Esses, portanto, foram analisados para demonstrar os dois pontos de vista, o do conquistador e o do conquistado no processo de romanização da Britânia.

4. Imperialismo Romano além da guerra
Ronald Wilson Marques Rosa (Graduando em História – UERJ/NEA)

Resumo: Existe uma tendência na historiografia de se achar que o imperialismo romano ocorreu apenas nas conquistas militares. Mas de acordo com pesquisas atuais, esta comunicação tenta mostrar um outro viés do imperialismo romano através das relações entre Roma e o Egito, no séc. I AC. , antes da anexação Egípcia.

Sessão de Comunicações 9 – 01/06/2005 – 10:00h – Sala 403 – Bl. B
Coordenação: Prof. Dr. Ciro Flamarion S. Cardoso

1. A representação feminina durante o Reino Médio
Aline Fernandes de Sousa (Graduanda em História – UFF)

Resumo: Esta comunicação utilizará principalmente material iconográfico de origem funerária (estátuas, relevos parietais, estelas). Com base na iconografia, em fontes escritas e na bibliografia disponível, sem esquecer que, nas imagens e nos textos, o que temos são sobretudo representações encomendadas e executadas por homens, trataremos de verificar o que pode ser inferido a respeito das mulheres não pertinentes a família real – profissões, posição social, posição na família, importância ritual – desta documentação. Este pode ser um modo de pôr à prova as freqüentes afirmações de uma excelente posição das mulheres no Antigo Egito, bem como de comparar quanto a isto o Reino Médio com o Reino Novo, mais estudado.

2. O Livro de Am-Duat’
Gisela Chapot (Mestranda em História – UFF)

Resumo: Os Livros do mundo inferior são composições surgidas no Reino Novo (1550-1069 a C.) dentre os quais figura o ‘Livro de Am-Duat’. Organizado como um livro de horas, reunindo um repertório de cenas do mundo dos mortos, pelas quais o deus solar Ra avança, perfazendo um total de 12 horas, o ‘livro de Am-Duat’ incluiu em sua versão mais extensa um grande material iconográfico que passou a decorar as tumbas reais a partir da XVIII ª dinastia.O objetivo deste trabalho é mostrar como o ‘livro de Am-Duat’, ao invocar crenças bastante antigas, procurou unificar o discurso acerca das várias concepções de vida post-mortem no antigo Egito, refletindo as novas tendências de um Estado unificado e centralizado.

3. A questão do gênero na literatura egípcia do IIº milênio a.C.
Amanda Wiedemann (Doutoranda de História – UFF)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo avaliar, levando em conta a parca sobrevivência de fontes, a posição ocupada pelas mulheres na sociedade do antigo Egito, o que se esperava dela, o que lhe era negado, em que circunstâncias e o quanto conseguia ultrapassar os limites que lhe eram impostos e ainda o que os homens pensavam delas.

4. A Pluralidade de Direitos no Egito Romano
Luís Eduardo Lobianco (Doutorando em História – UFF)

Resumo: A partir da conquista romana (30 AC), as diferentes etnias que, anteriormente a esta data, já compunham o tecido social egípcio, e conseqüentemente, suas respectivas legislações, i.e., egípcia, grega e judaica, passaram a coexistir com os cidadãos e o direito romanos. Aplicando às fontes escritas (Bíblia e papiros), o método da análise de conteúdo, procurarei demonstrar como as atividades jurídicas eram praticadas no Egito do século II DC, por um lado observando-se que ainda vigorava, sobre cada um dos segmentos étnicos pré-romanos, suas próprias leis e, por outro, constatando-se a predominância do direito romano, a vigir sobre toda a sociedade egípcia.

Sessão de Comunicações 10 – 01/06/2005 – 10:00h – Sala 307 – Bl. B
Coordenação: Prof.a Dr.a Claudia Beltrão da Rosa

1. A Origem do Universo segundo a Teogonia de Hesíodo
Márcio Mendes de Lima (Graduando em História – UFF)

Resumo: A Teogonia de Hesíodo, em conjunto com os poemas de Homero, efetuou uma escolha entre diversas tradições míticas helênicas acerca das origens do universo, dos deuses e da humanidade. Nesta comunicação vamos ocupar-nos unicamente dos primeiros tempos das origens até a linha 210 do poema. Para a interpretação do texto, utilizar-se-á bibliografia especifica de mitologia, bem como será explorada a hipótese de Walter Burkert acerca da visível influencia próximo-oriental, em especial da Mesopotâmia, sobre as concepções gregas acerca das origens.

2. A justiça divina em Hesíodo
Carlos Eduardo de Souza Lima Gomes (Mestrando em História – UFF)

Resumo: O presente trabalho vem como resultado parcial de minha pesquisa de mestrado atualmente em andamento na Universidade Federal Fluminense, cujo objetivo é perceber as concepções de justiça na obra de Hesíodo, abordando, sobretudo, a Teogonia neste primeiro momento. Assim sendo, procuro apresentar o aspecto divino da justiça (thémis), suas ligações com o poder soberano de Zeus, bem como as qualidades que possuem aqueles que são justos. Nesta apresentação, são contempladas principalmente as passagens que descrevem a confirmação do reinado de Zeus e seu mando sobre os outros deuses. Para que seja possível compreender o peso desta noção no contexto de produção da obra faz-se necessário observar também a estrutura política em formação/consolidação na Grécia do período Arcaico, ou seja, o modelo políade.

3. A exaltação das virtudes em Cícero
Shirley Mariano da Costa Sanchez (Graduanda em História – UNIRIO)

Resumo: Marco Túlio Cícero foi um dos grandes idealizadores da complexa distinção entre guerra justa e injusta, que ainda hoje rege a maioria dos conflitos modernos. A preocupação com a justiça, virtude cardeal soberana, norteia suas formulações políticas e filosóficas, desvelando o eixo principal do seu pensamento. Estabelecer a relação de Cícero e suas idéias, com um valioso momento da história romana, onde o discurso voltado para a exaltação das virtudes, para a Glória, e para o avanço de um “modo de vida civilizado” sobre as demais partes do mundo,que se insere na perspectiva de construção de um Império de Roma, torna-se de suma relevância para a compreensão dos acontecimentos em Roma à época de Cícero, e para todos os outros que sucederão posteriormente.

4. Justiça: a virtude soberana em Cícero
Mariana Andrade de Araújo (Graduanda em História -UNIRIO)

Resumo: Nesta comunicação, analisaremos a obra De Finibus de Marco Túlio Cícero, buscando uma compreensão do conceito de Justiça no pensamento ciceroniano. A justiça é a virtude capaz de difundir as outras, promovendo-as; como um elemento “central” capaz de potencializar todas as outras virtudes. Essa virtude “central” buscaria a contemplação e o estudo do corpo, tendo a razão como guia. A metodologia utilizada foi a semiologia explicitada por Ciro Flamarion através de grade de leitura isotópica, o que permitiu o entendimento de que as virtudes, entendidas também como “ações apropriadas”, e por elas mesmas, foram consideradas atitudes a serem praticadas pelo homem comum a fim de se alcançar esse “bem” maior: a Justiça.

  • Mesa Redonda: 14 h – Auditório 218C – Instituto de Letras

Arte, Culto e Liberdade
Coordenação: Prof. Dr. Carlos Eduardo de Azevedo e Souza

1. Música e religiosidade na Grécia Antiga
Prof. Dr. Carlos Eduardo de Azevedo e Souza (CEIA/UFF)

Resumo: A mitologia grega atribuía à música origem divina e designava como seus inventores e primeiros intérpretes deuses e semideuses. Desde os tempos mais remotos a música foi um elemento indissociável das cerimônias religiosas. No culto de Apolo era a lira o instrumento característico, enquanto no de Dionisos era o aulo. É de Pitagoras a primeira influência sobre o pensamento musical dos gregos. Tais idéias favorecem o desenvolvimento de uma ética musical, um dos fundamentos das doutrinas de Platão e Aristóteles. A música deixa de ser um privilégio; e passa a ensinamento indispensável à educação de todo homem livre, é a fonte da sabedoria. Para os primeiros pitagóricos, a ‘boa’ música já é a expressão sensível das relações matemáticas que regem o mundo. Nela, o espírito pode reconhecer a harmonia universal e a alma a ela se acordar, o que equivale a dizer que a música não poderia ser considerada uma simples diversão. Constrói-se, assim, uma verdadeira teoria da ‘boa’ – mais que da ‘bela’ – música. Mas como a música pode servir de intermediária entre a ordem natural e a alma humana? Pela mímesis, responde Platão: a arte é imitação e a alma imita, por sua vez, os simulacros da arte. Ora, em música os modelos não são objetos, mas idéias, ações e ordem das coisas. Portanto, pode-se imitar tanto o bem como o mal. E a música é o principal veículo de instituição e de comunicação desde a religiosidade titânica até a religiosidade olímpica permeando a educação e mesmo o ethos grego.

2. Elementos para a discussão da guerra através da tragédia grega
Prof. Guilherme Moerbeck (CEIA/UFF)

Resumo: As tragédias gregas são fontes que estão sob o olhar atento de pesquisadores de diversas áreas, e, nesse sentido, são utilizadas para os mais variados fins. O principal intuito deste trabalho é discutir alguns problemas relativos à etnia através da guerra que, de variadas formas, é representada nas tragédias gregas. Desta forma, os temas supracitados serão analisados a partir dos discursos das personagens nas seguintes obras: Os sete contra Tebas e Os Persas de Ésquilo.

3. Sassânidas e Romanos: Guerras e Rivalidades no século IV
Prof. Cláudio Umpierre Carlan (NEE/UNICAMP, CEIA/UFF)

Resumo: A dinastia Sassânida (224-651) foi um constante tormento para Roma. Sapor I, o segundo rei persa dessa dinastia, já havia empreendido várias campanhas muitas bem sucedidas contra as legiões romanas entre os anos de 241 e 250. Seus sucessores continuaram com essa política imperialista, durante o período da anarquia militar romana. A partir da Tetrarquia, os imperadores romanos conseguem reverter essa desvantagem e, com Diocleciano, retomam o controle de importantes cidades da Mesopotâmia. O nosso trabalho tem por objetivo realizar uma análise, através da iconografia, sobre as diversas lutas entre o Império Persa Sassânidas e o Império Romano durante o quarto século cristão. Para isso, utilizaremos como fonte principal o acervo numismático do Museu Histórico Nacional / RJ, o maior da América Latina. Esse estudo, ainda e sua fase inicial, pretenderá valorizar uma importante coleção arqueológica brasileira, ainda inexplorada.

4. O culto de Apolo e as normas de moral e princípios de direitos
Profa. Ms. Valéria Reis (UNESA)

Resumo: No período arcaico, o Oráculo de Apolo de Delfos além de ter sido o promotor das colonizações gregas na Ásia e na Magna Grécia, apresentaria, quanto ao aspecto político-religioso, uma estreita ligação com o génos , visto que o basileus figurava não só como chefe do génos mas, segundo Hesíodo, teria como base de seu poder político-jurídico o fato de que somente ele poderia interpretar os oráculos. Entretanto, as transformações políticas do V século a.C., em Atenas, teriam contribuído para abalar o prestígio político-religioso do Oráculo.

  • Conferência: Auditório 218 C – 16:00h

A Democracia Ateniense e seus Limites: Revisitando uma Pesquisa de Mestrado Quinze Anos Depois
Prof. Dr. André Leonardo Chevitarese (LHIA/DH/UFRJ)

Resumo: Busco, nesta conferência, revisitar o tema da minha pesquisa de Mestrado, cujo cerne foi uma analise dos entraves a uma efetiva participação política do cidadão na democracia ateniense. Ao longo da Dissertação, foram destacados quatro limites básicos ao exercício democrático, os quais eu denominei na época de: econômico; princípios gerais do Direito (isonomia e isegoria); institucionais; e acesso às funções públicas. Quinze anos depois da sua defesa, buscarei estabelecer um balanço dos resultados obtidos, a fim de saber se eles permanecem ou não válidos.

  • Minicurso: 18h – Auditório 218 C

Caracterização das personagens em diferentes gêneros literários da Literatura Clássica
Prof. Dr. Syllas Mendes David – A tipologia do herói como personagem épica na construção da narrativa: diferenças mais marcantes do herói nas narrativas de Homero e de Virgílio nos discursos direto e indireto

O mini-curso visa evidenciar, na construção de personagens, os meios utilizados pelo poeta para criá-las semelhantes a seres humanos, de acordo com leis internas que regem o próprio texto.

QUINTA-FEIRA – 02/06/2005

  • Sessão de Comunicações:

Sessão de Comunicações 11 – 02/06/2005 – 8:00h – Sala 401- Bl.B
Coordenação: Profa. Dra. Sônia Regina Rebel de Araújo

1. Renovando a Personalidade Divina e Régia: os Festivais Tebanos
Fábio Afonso Frizzo de Moraes Lima (CEIA-UFF)

Resumo: A personalidade e os poderes dos deuses e do rei-deus diminuíam com o avanço das estações, cada ano. Isto constituía mais um dos ciclos integrantes da temporalidade cíclica neheh. A renovação periódica da personalidade e dos poderes divinos e régios dependia de festivais religiosos, alguns muito antigos, porém mais documentados no tocante ao Reino Novo, em especial à XIX dinastia. Nesta comunicação interessa-nos discutir as novas teorias acerca de tais festivais, em vinculação com noções também novas propostas sobre a relação do ka real com aquele de Amon Ra.

2. Cosmogonia e escatologia no antigo Egito
Thiago de Almeida L.C. Pires (CEIA – UFF)

Resumo: Nesta comunicação trataremos de algumas das concepções egípcias acerca da criação do universo e de seu fim. Dentre as cosmogonias de base, vamos centrar-nos na de Heliópolis. Os assuntos tratados utilizarão como fontes primárias uma das narrativas incluída no papiro de Bremner–Rhind, uma passagem do Livro da Vaca do Céu e outra do Livro dos mortos. Para a discussão do pensamento cosmogônico e escatológico dos antigos egípcios é essencial levar em conta sua concepção de uma dupla temporalidade, o tempo cíclico comandado pela navegação da barca do sol (tempo de Neheh) e o tempo linear comunicado por Osíris (tempo de Djet), bem como as formas de vinculação entre essas temporalidades.

3. A magia contra a ética no julgamento dos mortos do Antigo Egito
Marcelo Miranda Vilela (Mestrando em História – UFF)

Resumo: O Livro dos Mortos foi por muito tempo erroneamente considerado um texto ético, principalmente por tratar do julgamento pelo qual o morto passaria após a morte. Este julgamento consistiria no morto ter seu coração pesado contra uma pluma, símbolo da ordem. Ele então enunciaria uma série de atos que não cometeu, e se isto fosse verdade seu coração não pesaria mais que a pluma, do contrário ele seria devorado por uma fera mítica e apagado da existência. A compreensão deste julgamento passa pelo entendimento da visão de mundo dos egípcios e de como a magia poderia atuar no pós-vida. É necessário enfim, compreender a real função do Livro dos Mortos, para assim vislumbrar qual era a relação entre o senso de moral e a praticidade do uso da magia nas crenças funerárias presentes no Reino Novo do Antigo Egito.

4. A tradição chinesa: adaptações e invenções no livro de Shang Yang: século IV a.C.
Rosana da Costa Maia Graduanda em História (CEIA/UFF)

Resumo: Os nossos objetivos são identificar no livro de Shang Yang os aspectos relevantes para a elaboração de uma teoria política objetiva que propõe, como elemento principal, a adoção e imposição de uma lei positiva com conseqüente reformulação dos costumes; em seguida procurar demonstrar a importância da proposta inovadora de governo oferecida, em um momento de grande desagregação, enquanto geradora ou não de uma possibilidade de unificação do Estado “feudal” chinês. Para nossa pesquisa partimos das seguintes hipóteses: a proposta de Shang Yang, ao defender inovações radicais, trazia novos vínculos hierárquicos, mas não sociais, rompia os vínculos existentes sem substituí-los, em decorrência disto, não era capaz de gerar vínculos sociais apoiadores da ideologia política que defendida, vínculos que trariam coesão social e justificativas para o governo.

Sessão de Comunicações 12 – 02/06/2005 – 8:00h – Sala 403- Bl.B
Coordenação: Prof.a Dr.a Lívia Lindóia Paes Barreto

1. A escravidão no microcosmo do casamento: Plauto (Miles Gloriosus e Aulularia)
Fernanda Messeder Moura (Mestranda em Letras Clássicas – UFRJ)

Resumo: O retrato do casamento romano por Plauto articula o embate entre duas entidades de poder: uxor dotata e pater familias. Buscamos, nesta comunicação, discutir o caráter e a função do discurso misógino em duas peças plautinas, Miles Gloriosus e Aulularia, utilizando, para tal, a defesa da liberdade individual por dois velhos solteiros, Periplectomenus e Megadorus, respectivamente, bem como a visão do casamento como um contrato social que legitimaria a escravidão de ambos.

2. A Revolta de Espártaco no Epítome da História de Roma, de Floro.
Christianne Theodoro de Jesus (Graduanda em História –UNIRIO)

Resumo: A questão dos meios de resistência escrava é muito trabalhada pela historiografia e tal debate se relaciona com a contradição que existe com relação à figura do escravo: ele é uma coisa ou um ser humano? Para o mundo antigo, principalmente na visão de seus principais escritores, o escravo é concebido como uma mercadoria, da qual seu dono pode dispor da maneira que lhe aprouver; ao escravo, só resta resignar-se com sua sorte. O presente trabalho tem como objetivo a análise da principal revolta de escravos do mundo romano, a Revolta de Espártaco, ocorrida entre 71 e 73 a.C, utilizando como fonte um trecho presente na obra Epítome da História de Roma, escrita por Publius Annaeus Florus (70 d.C. a 140 d.C.), sendo, portanto, uma fonte posterior à revolta. O método a ser utilizado é o de leitura isotópica, elaborado por Ciro Flamarion Cardoso, através da grade de leitura e da análise da modalidade veredictória a partir do quadrado do Grupo de Klein e tendo como base a seguinte questão: a revolta deflagrada por Espártaco pode ser considerada uma guerra verdadeira?

3. A Questão da alteração de gênero das palavras e a fala os escravos na Cena Trimalchionis : um estudo de caso
Profa. Dr.a Lívia Lindóia Paes Barreto (Instituto de Letras – UFF)

Resumo: Dentre os muitos juízos que se fez, até hoje, do Satyricon de Petrônio, um se destaca por nele reconhecer um certo caráter de modernidade pois que o autor caminha, escuta e vivencia , magistralmente , por meio de uma linguagem ora irreverente ora incorreta , o meio dos escravos e libertos. Aí vemos desfilar, principalmente na Cena Trimalchionis, suas angústias, seus medos, preocupações e até mesmo a vida que levavam na casa dos seus antigos senhores. A questão do gênero em latim, meramente gramatical e nem sempre consistente, se reflete na caracterização dessa camada social e do seu universo lingüístico que, ainda hoje, é um manancial de exemplos para o estudo da língua popular latina.

Sessão de Comunicações 13 – 02/06/2005 – 10:00h – Sala 401 – Bl.B
Coordenação: Profª Drª Ana Thereza Basilio Vieira

1. Considerações sobre a conceituação e integração do escravo no modelo filosófico de Aristóteles
Alexandre de Paiva Rio Camargo (Mestrando em História – UFF)

Resumo: Nesta comunicação, procuraremos analisar de que forma a teoria da escravidão natural e a visão do escravo que dela emerge se inserem no esquema filosófico geral de Aristóteles, segundo nos aparece em sua Política. Trata-se de investigar as articulações entre as principais categorias do filósofo – forma e matéria, ato e potência, essência e acidente – e o seu método descritivo, que privilegia os laços de constituição entre os fragmentos. Identificado neste esquema interpretativo, o escravo deve obediência irrestrita ao seu senhor, dado que é desprovido de razão para discernir o justo do injusto, sendo a matéria da relação de que o senhor é a forma. O escravo, então, só pode ser definido na ligação que guarda com o seu senhor. Como se vê, esta é a única forma pela qual o escravo pode se incorporar à polis. Portanto, nosso objetivo é o de conceitualizar brevemente as categorias aristotélicas supracitadas e perceber o modo pelo qual o escravo se insere neste modelo geral, atentando para as condições sociais que presidiram a elaboração de tal modelo, em meados do século IV a.C.

2. Um olhar sobre a escravidão na Aululária plautina
Profª Geisa Moreira Regazzi Gerk (UFRJ)

Resumo: Plauto, renomado comediógrafo latino, mediante contato com o teatro, escreveu peças que serviam de sustentáculo a uma fecunda e festejada carreira literária, cuja fama chegaria aos nossos dias.A peça em abordagem, Aululária, é um pouco diversa das demais de suas obras. Utiliza o autor uma língua pitoresca e abundante, caracterizada por uma veia plebéia, multiplicando os maiores trocadilhos e as criações verbais das mais diversas, conforme veremos nos trechos da peça, que se referem à escrava Estáfila.Podemos ressaltar, bem como adiantar, que o estilo de Plauto se mostra fortemente apimentado e é em virtude justamente desse sabor ardente que um olhar importante e peculiar sobre a inseparável escrava de Euclião, Estáfila, se mostra extremamente instigante e por demasiado convidativo.

3. Poder, escravidão e a luta pela liberdade nas fábulas de Fedro
Profª Drª Ana Thereza Basilio Vieira (UFRJ)

Resumo: A fábula revela, por vezes, uma crítica mordaz e engenhosa da ordem social e política de determinada época, além de ser um ensinamento moral e doutrinado. Originariamente de tendência cínica, a fábula apresenta um protesto contra as classes dominantes e um ataque aos vícios contrários à natureza humana. A tendência estóica vem mais tarde, com sua vertente moralizante. Mas, basicamente, o que encontramos é um confronto entre fortes e fracos. Escravo de origem, Fedro, no século I d.C., nos mostra em suas fábulas essa guerra infinda entre a verdade e a mentira, entre escravidão e liberdade. Algumas fábulas selecionadas de Fedro nos revelam esse mundo de intrigas, poder e luta pelos próprios direitos, através de narrações por vezes sérias e austeras ou irônicas e até mesmo divertidas.

4. Os despropósitos da vida na cidade grande: submissão, ganância e poder na sátira III, de Juvenal
Profª Drª Arlete José Mota (UFRJ)

Resumo: A sátira representa, na literatura latina, um gênero formalmente definido. Considerada uma criação de Lucílio, tem em Horácio e Juvenal as duas grandes vertentes do gênero em Roma. Duas formas de observar o comportamento do homem em sociedade. Duas formas de rir de atitudes inaceitáveis. E Juvenal, movido pela indignatio, com o talento de rhetor, imprime movimento e dá vida a personagens que parecem dialogar com o leitor. Tipos humanos diversos apresentam-se. Vícios são condenados; é denunciada uma época em que valores morais e aptidões intelectuais não são mais importantes. E a terceira sátira, uma das mais conhecidas do corpus juvenaliano mostra uma Roma em que não se pode mais viver sossegado. Corrupção, comportamentos desregrados…Uma cidade ideal apenas para os mais afortunados. Surpreende a atualidade do tema, em especial as referências aos problemas comuns a qualquer grande cidade.

Sessão de Comunicações 14 – 02/06/2005 – 10:00h – Sala 403- Bl. B
Coordenação: Profa Dra Maria Regina Candido

1. Mito, Rito e Magia na Atenas Clássica.
Tricia Magalhães Carnevale (Graduanda em História – UERJ/NEA); Débora Prates (Graduanda de Letras – UERJ/NEA).

Resumo: A atividade ritualizada faz parte do cotidiano dos atenienses; entendemos o rito e o mito como parte da memória discursiva que visa ratificar a identidade do ser ateniense. As pratica mágicas tanto podem ser fator de coesão da comunidade políade assim como provocar um desvio junto a unidade políade.

2. Guerra e Paz no discurso de Aristófanes
Alair Figueiredo Duarte (Graduando de Filosofia – UERJ/NEA)

Resumo: No Quinto século a.C. (período clássico) em Atenas, enquanto ocorria no cenário internacional a Guerra do Peloponeso, envolvendo Atenas e Esparta e conseqüentemente toda a Ática, internamente acontecia a grande batalha de opostos. A paz, usando o teatro como voz através da comédia, e a guerra contando com: demagogos, fabricantes de armamentos e leitores de oráculos.

3. Mulheres de Atenas – o papel das mulheres na guerra pela visão do comediógrafo Aristófanes (Lisístrata)
Raquel Zimermann (Letras/CEIA/UFF)

Resumo: A comédia Lisístrata de Aristófanes foi representada pela 1ª vez em 411a.C. período no qual a cidade de Atenas passava por muitas revoltas internas e Esparta tentava dominá-la pelo mar Egeu com a ajuda dos persas. Com a intenção de por fim à guerra, a personagem título desta comédia – Lisístrata – propõe que as mulheres se unam para conquistar a Paz.O presente trabalho pretende abordar qual era o papel das mulheres de Atenas na luta pela paz através da visão do comediógrafo Aristófanes, especificamente na peça Lisístrata.

  • Mesa Redonda: 14h – Auditório Florestan Fernandes – Bl. D

A Guerra na Antiguidade: dos fatos aos textos
Coordenação: Prof. Dr. Ciro Flamarion Santana Cardoso

1. Guerra e produção de textos no Egito imperial: Königsnovelle e fórmulas textuais
Prof. Dr. Ciro Flamarion Santana Cardoso (CEIA/UFF)

Resumo: Textos sobre guerras eram já um aspecto importante das inscrições reais antes da expulsão dos hicsos no século XVI a.C. Foi a partir de então, no entanto, que se completaram as características textuais do que os alemães decidiram chamar Königsnovelle, um tipo de linguagem literária e formulaica que servia para se referir aos feitos do faraó em situação de guerra. Sabe-se que as inscrições reais de tema bélico, bem como as inscrições que as acompanhavam, dependiam em primeiro lugar de um diário de campanha − que em caso algum se conservou −, matéria-prima a ser trabalhada de diversos modos, em prosa e em verso, naquelas inscrições e figuras. Esta apresentação ocupar-se-á com as características maiores dos textos e imagens em questão, com ênfase no período que vai do século XVI ao XIII a.C. (isto é, do movimento de expulsão dos hicsos ao auge raméssida na dinastia XIX), tanto do ponto de vista textual quanto do ideológico, no contexto da produção de textos e iconografia cujo fulcro fosse a figura régia.

2. Guerra Sagrada, Guerra Santa – sobre um tema de Martin Noth
Prof. Dr. Marcos José Caldas (CEIA/UFF)

Resumo: O ano de 586 a.C. foi marcado pelo auge de uma incrível guerra no mundo antigo: No ocidente, a anfictionia délfica, uma aliança militar de cidades cujo centro de reuniões era o templo de Delfos, conseguia, após seis anos de cerco incansável à cidade de Crisa, seus primeiros avanços contra os exércitos fócio, beócio e lócrio, naquela altura de posse do Oráculo de Delfos. Quatro anos mais tarde, a aliança de 12 cidades alcançava finalmente a vitória sobre os inimigos da anfictionia, cujo termo foi a aniquilação total e o esquecimento. Uma guerra sem vencidos, nem autênticos vencedores. Apenas na década de 50 do século passado, a natureza da guerra anfictiônica chamou a atenção de especialistas, principalmente daqueles da História de Israel. Na visão de alguns destes, a guerra dos anfictiônicos a favor do deus do oráculo assemelhava-se à guerra dos filhos de YHWH, um paralelo que perdurou até nossos dias. O objetivo desta comunicação é examinar o caráter da guerra sagrada délfica e sua influência na historiografia sobre da formação do reino de Israel.

3. A guerra e o riso, em Acarnenses
Prof.a Dr.a Silvia Damasceno (CEIA/UFF)

Resumo: A preocupação com a guerra do Peloponeso, mostrada pela estética do riso, permeia quase toda a obra de Aristófanes. Em Acarnenses, (425 a.C.) esse autor cômico enfoca diretamente esse tema contrapondo-a a paz, acreditando reproduzir sentimentos e opiniões compartilhadas pelo público.O personagem Diceópolis, não conseguindo convencer a ecclesia dos benefícios da paz, tenta fazer uma paz para si próprio e sua família. Meu trabalho vai analisar o enfoque dado a guerra por essa comédia, assim como os discursos patrióticos, tendo em vista manter intacta a imagem da cidade, embora os ataques pessoais sejam dirigidos a políticos de renome.

4. A Guerra na Eneida: Astúcia mortal de sobrevivência ou ficção épica de jogo
Prof. Dr. Syllas Mendes David (CEIA/UFF)

Resumo: A crueza da destruição de Tróia no livro II da Eneida e a ficção aristocrática da guerra, nos quatro últimos livros, como espaço de jogo e de aristéia, para demonstração de areté guerreira, encontra suas razões de ser nas concepções ideais da futura Roma, reveladas por Anquises no livro VI e nas do pluralismo demonstrado por sicilianos, gregos e troianos nos jogos do livro V e na areté pacifista da cidade de Acesta, como um memorial do festival religioso, constituído e significado por este mesmo livro.

  • Conferência: Auditório 218C – Instituto de Letras – 16:00h

Quando Atenas adoeceu: imagens da pólis clássica em crise
Prof. Dr. Henrique Cairus (Faculdade de Letras- UFRJ)

Resumo: A conferência apresentará alguns resultados do estudo das construções imagéticas em torno da crise política de Atenas, tomando como ponto de partida as referências à doença e à saúde. Interessará tematizar, sobretudo a utilização, mormente por Tucídides, de referentes especificamente médicos na urdidura de discursos acerca de momentos crucial da cidade em guerra, a saber, a peste e a stasis.

  • Minicurso: 18h – Auditório Florestan Fernandes – Bl. D

Caracterização das personagens em diferentes gêneros literários da Literatura Clássica
Profa. Dr.a Ana Lúcia Cerqueira – A personagem Cynthia, em Propércio.

O mini-curso visa evidenciar, na construção de personagens, os meios utilizados pelo poeta para criá-las semelhantes a seres humanos, de acordo com leis internas que regem o próprio texto.

Jornada de Estudos da Antiguidade

Cursos de Extensão





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